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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sociedade "Pão e Circo"


Televisão para a alegria da nação!
Desligue a TV e vá ler um livro.

"Em frente à TV perdemos o espetáculo da vida".
Antes de tudo, quero me desculpar. Onde eu estava com a cabeça quando pensei nisso? Será que faltou oxigênio em meu cérebro? Acredito que tenha sido o reflexo de uma noite mal dormida. Enfim, hoje entendo que eu errei!

Anos atrás iniciei uma comunidade cultural que pretendia discutir assuntos envoltos a todo tipo de manifestação artística, literária, assuntos factuais do nosso e de outros meios sociais, exposição de pensamentos e opiniões sobre os mais diversos temas concernentes à cultura. O conceito era simples, a intenção era nobre, porém, a pretensão era absurda.


Agradeço àqueles que à época acreditaram que seria possível estabelecer um canal cultural em plena era da banalização da informação e do sensacionalismo escancarado. Nossa comunidade recebeu alguns emails propondo a discussão de assuntos importantes, tais como a importância de uma comunidade cultural para o fortalecimento da ideia e a propagação do conhecimento por meio da leitura e do debate. E isso foi tudo, pessoal. Nada mais!

Ainda hoje este artigo pode soar como o discurso dos derrotados ou a mais pura demonstração de orgulho ferido. Contudo, não nos enganemos: Isso é a realidade nua e crua da sociedade em que vivemos. A crônica aqui discorrida reflete a opinião de muitos outros que acreditam que nossa sociedade é decadente e perniciosa, elitizada – desculpe-me pela redundância! – e indiferente aos problemas inerentes a ela.

Entretanto, e somente agora percebo, é que errei na fórmula. Propus leitura e discussão, mas será isso a alegria da nação? Não! Perguntei-me: - Onde está o sangue? Onde está a confusão? Onde está aquela mulher que todos pensam ser um pedaço de bife, pronta para ser consumida? E a pornografia [...] Ah, como pude me esquecer da pornografia! E as pessoas (importantes!) da nossa comunidade, como pude esquecê-las! Sem fotos, sem fofocas, sem apelos emocionais, sexuais, financeiros [...] Que mancada a minha!

Sei que poucos leram esse artigo e por ele tiveram empatia. Se não tiveram, provavelmente, é porque nem entenderam o texto. E desses, eu desisto. Já tenho que conviver com minha própria ignorância e isso me basta e me faz querer evoluir sempre. Mas depois de todos esses anos eu não perdi a fé em você, leitor, que assim como eu, prefere morrer crescendo a viver na pequenez que nossa sociedade insiste em nos manter.

Lendo, perdemos o show da vida, que é Fantástico! Perdemos o domingo do Faustão – há uns 20 anos a “massa de Adorno” contempla o domingo de um desconhecido em detrimento de seu próprio domingo! Perdemos os incríveis Casos de Família que expõe as mazelas de pessoas sem instrução e sem perspectivas, por mera diversão e entretenimento; perdemos os filmes impagáveis da Sessão da Tarde; Perdemos o jornalismo ético (!) e investigativo dos mais variados canais; Perdemos aquilo que Vale a Pena Ver de Novo; Perdemos a satisfação de ouvir a voz do Galvão Bueno quinze vezes por semana; enfim, ao ler deixamos de viver!

Sendo assim, a escolha ainda nos parece clara: Televisão para a alegria da nação (e a elite agradece!) ou então, “abra os olhos, respire pela primeira vez na vida e faça algo por você”. O despertar da inércia é o primeiro passo para a revolução.

“Se os homens fossem melhores não precisaríeis da força, nem da fraude1”.

Maquiavel

Um comentário:

  1. "Uma boa leitura dispensa com vantagem a companhia de pessoas frívolas." (Marquês de Maricá)

    ...e é só isso!

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