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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sociedade "Pão e Circo"


Televisão para a alegria da nação!
Desligue a TV e vá ler um livro.

"Em frente à TV perdemos o espetáculo da vida".
Antes de tudo, quero me desculpar. Onde eu estava com a cabeça quando pensei nisso? Será que faltou oxigênio em meu cérebro? Acredito que tenha sido o reflexo de uma noite mal dormida. Enfim, hoje entendo que eu errei!

Anos atrás iniciei uma comunidade cultural que pretendia discutir assuntos envoltos a todo tipo de manifestação artística, literária, assuntos factuais do nosso e de outros meios sociais, exposição de pensamentos e opiniões sobre os mais diversos temas concernentes à cultura. O conceito era simples, a intenção era nobre, porém, a pretensão era absurda.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Expressionismo alemão


Artistas plásticas criam obras do Expressionismo em frente à Estação Cultura
Mostra dos trabalhos do Grupo Quartal pode ser visitada até o dia 18.  

Expressionismo: o sentimento humano retratado em tela
As artistas plásticas do Grupo Quartal estiveram na tarde desta quarta-feira (23), na Estação Cultura, fazendo pinturas em telas. Os trabalhos retratam o Expressionismo, movimento cultural surgido na Alemanha no início do século passado, que apresenta a reflexão individual e subjetiva do artista norteada pela introspecção e pela expressão dos sentimentos humanos.

O Grupo Quartal é composto pelas artistas plásticas Ana Paula Teixeira, Andréia Nigra, Márcia Olimpio, Olga Serra, Juliana Bueno e Rita Machado. Após a conclusão, as obras farão parte de uma exposição.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Técnica e precisão


Amanhã tem Doc’Store no Barsil Rock Bar
Set list da banda guaçuana mescla clássicos do progressivo com hinos do hard rock.

Doc'Store se apresenta no Barsil Rock Bar.
Música de qualidade feita com muita técnica e competência. Essa será a trilha sonora no Barsil Rock Bar na noite de amanhã (25). A casa recebe pela terceira vez a banda Doc’Store, a partir das 23h30, em uma noite que promete ser uma das melhores do ano no Barsil.

O grupo de Mogi Guaçu é formado por Cado (baixo e vocal), Ítalo (bateria), Carlinhos (teclados) e o tarimbado guitarrista Marcelo Espanhol, conhecido na região pela exímia técnica que emprega em suas performances.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A cultura alternativa por meio da expressão artística


Movimento cultural “Fogueira dos Lobos” ocorre no sábado
Evento marca o 1° Lual da Cultura Alternativa em Mogi Guaçu.

Evoluindo o corpo e a mente.
Será realizado no próximo sábado (26), a partir das 22h, no Rancho Raiz, o encontro cultural Fogueira dos Lobos, que marca o 1° Lual da Cultura Alternativa em Mogi Guaçu. Mais do que mera diversão, o encontro pretende celebrar todas as formas de manifestação artística e cultural, além de disseminar e fortalecer o gosto pela leitura nos participantes.

Outro ponto preponderante para a realização do evento é a promoção da cultura alternativa através do contato com a natureza, da liberdade de expressão e da manifestação artística.

De acordo com o organizador do evento Santiago Colla, a celebração, a priori, era apenas uma reunião de amigos, mas que acabou tomando proporções inesperadas.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Para desvendar os olhos


Mogi Guaçu recebe a 5° Edição da Virada Cultural
Evento terá 24 horas de atrações entre os dias 14 e 15 de maio. Outras 21 cidades participarão da edição 2011.

Para desvendar os olhos do povo.
Mogi Guaçu será uma das 22 cidades que receberão a quinta edição da Virada Cultural Paulista, realizada nos dias 14 e 15 de maio. O evento terá shows musicais, peças teatrais, circo e outras manifestações artísticas e culturais. A programação completa – divulgação prevista para hoje – contará com atividades intermitentes realizadas entre 18h do dia 14 e 18h do dia 15, com programação intensa inclusive durante a madrugada.

Neste ano, o evento será realizado nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Assis, Botucatu, Caraguatatuba, Franca, Indaiatuba, Jundiaí, Marília, Mogi das Cruzes, Mogi Guaçu, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santa Bárbara D'oeste, Santos, Santo André, São Carlos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba. 

O peso do reconhecimento


Andreas Kisser participa de Workshop no Centro Cultural
Evento faz parte do Projeto Sintonia do Rock II.

Folder de divulgação do evento.
Acontece no próximo dia 13, no Teatro Tupec, Workshop com o guitarrista Andreas Kisser. O músico integra o Sepultura, uma das mais cultuadas bandas brasileiras no exterior. No evento, Kisser ensinará técnicas de guitarra e falará sobre as suas experiências no mundo da música desde o início de sua carreira.      

Kisser, juntamente com os irmãos Cavallera e Paulo Jr., fizeram história ao sair de Minas Gerais para tocar nos quatro cantos do globo, transformando o Sepultura na banda brasileira de maior repercussão no mundo.

Com 43 anos de idade, o músico já dividiu palco com os principais astros do rock mundial, destacando-se, entre eles, Ozzy Osbourne, Deep Purple, Metallica, Scorpions e muitos outros. Kisser também atua em composições para o cinema, tais como a trilha sonora do longa “No Coração dos Deuses”, filme de 1999 dirigido por Geraldo Moraes, e do filme “Bellini e a Esfinge”, inspirado no livro de Tony Belloto, dos Titãs. 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Porque tempos melhores sempre chegam


Início de um novo tempo

É preciso respeitar o tempo de cada um.
Tem dias que acordamos tristes, em outros, desanimados,
Tem dias que gostaríamos que o sol não nascesse e que a noite perdurasse eternamente,
Tem dias que os olhos custam a abrir e uma sensação de fraqueza nos invade,
Tem dias que na solidão de nossa cama desejamos ser esquecidos,
E como são difíceis os dias assim!  

Sentimos-nos perdidos e tudo perde a graça,
Sentimos-nos vazios sem ter nada que nos preencha,
Sentimos-nos pequenos como alguém perdido em meio a uma multidão de desconhecidos,
Sentimos-nos incapazes e incrédulos com a direção da própria vida,
Sentimos-nos impossibilitados de sentir.     

Nessas horas não recorremos a livros de autoajuda,
Não buscamos conselhos gratuitos de quem também não sabe o que fazer,
Não nos completamos com frases feitas e batidas lições de vida,
Não ouvimos, não sentimos, não amamos, não nos abrimos...
Nessas horas o tempo parece não passar e as coisas que esperamos com afinco parecem não chegar nunca.

E já no auge do nosso não-existencialismo,
Deitamos novamente, deixando os olhos vaguearem.
Não há o que entender, mesmo que insistam em nos analisar,
Não há com que lutar, mesmo que algo deva ser conquistado,
Não há desafio dignificante, apenas o esforço indigesto de manter aquilo que deveríamos desesperadamente mudar.

E hoje, diferente de tudo que estamos acostumados a ver, não haverá final feliz,
Os olhos lacrimosos não deverão cessar a tristeza,
O espírito não deverá se encher de alegria e paz efêmera,
As palavras não deverão ser suaves e acolhedoras,
Os problemas irão embora quando o momento for apropriado.

Então, nossos dias que eram frios e nebulosos, se encherão de vida,
Nossos olhos inchados e opacos ganharão luz resplandecente,
Nossos caminhos tortuosos serão retos e agradáveis,
A multidão nos trará calor e alento,
E os dias serão incríveis de ânimo inimaginável.

21 de fevereiro de 2011 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Noite de clássicos

Four Brothers é a atração da noite de hoje no Barsil Rock Bar
Quarteto mogimiriano apresenta clássicos do rock a partir das 23h30.


Four Brothers, de Mogi Mirim.
Hoje (18), o Barsil Rock Bar apresenta pela segunda vez a banda Four Brothers, de Mogi Mirim, a partir das 23h30. O grupo é composto por André (guitarra) e Clóvis (bateria) Percebom, e Carlos (vocais) e Cláudio Gomes (baixo), além do tecladista Amarildo Del Giudice.

Segundo Samuel Profeta, proprietário do Barsil Rock Bar, o show é uma ótima pedida àqueles que apreciam performances impecáveis de clássicos do rock and roll. “A Four Brothers é uma ótima banda”, avalia Profeta, “quem comparecer ao Barsil terá a chance de ouvir clássicos que vão de Led Zeppelin a Pink Floyd, tocados com muita qualidade e energia".

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Olhando para o chão a vida pode passar sem ser notada

Nunca é tarde para enxugar as lágrimas.
Encanto

Solitário como um ponto
De palavras d'alma surge um conto,
Num canto em ti recolhido
Inebriado de sutil encanto.

Profere anseios que em seu conto conta
E de tão averso a pureza espanta,
Afronta os medos desse faz-de-conta

Revelando o pranto que no cenho aponta.

10 de agosto de 2007

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A música a serviço da humanidade

Videoclipe brasileiro vira campanha mundial contra o alcoolismo
O rap “Um brinde” do grupo Inquérito ultrapassa a fronteira europeia, invade emissora na Inglaterra e é exibido em mais quatro países.
 
Gravação do vídeoclipe em um ferro-velho.
Será lançado no próximo dia 18, o videoclipe “Um brinde”, do grupo de rap Inquérito. A música faz parte do álbum “Pensando em fazer Mudança”, terceiro trabalho do trio de Campinas. Entretanto, o que seria apenas um lançamento de audiovisual para entretenimento, transformou-se em uma campanha mundial contra o alcoolismo.

A campanha homônima surgiu a partir da ideia de conscientizar as pessoas sobre os perigos do álcool. O vídeo, gravado entre dezembro e janeiro últimos nas cidades de Nova Odessa, Santa Bárbara D’Oeste e Campinas, teve seu lançamento protelado para fevereiro devido à proximidade do carnaval e ao eventual aumento do consumo de álcool nessa época, além de coincidir com a Semana Nacional de Combate ao Alcoolismo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Rock and Roll em sua essência.


Velhas Virgens faz show memorável em Itapira
Bandas de abertura inflamaram o público e também foram destaques no concerto.



Novamente Itapira mostrou porque é a cidade do rock. A atração da vez foi o grande show da banda Velhas Virgens, realizado na noite do último sábado (12), no Centrão (Centro Comércio e Indústria). O evento teve início por volta das 22h e ganhou toda a madrugada com apresentações memoráveis. 

A casa recebeu mais de 1000 pessoas, superando as expectativas dos organizadores. “Esperávamos um bom público, mas foi até um pouco além das nossas pretensões. Quem compareceu ficou extasiado com os shows e, com certeza, não irá esquecer tão cedo”, explanou Fernando Pinna’s, um dos responsáveis pela organização do evento.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Dias tristes

Dias tristes

A solidão que preenche as folhas, também corrói a alma.
Desolação. Uma imagem na mente, uma tristeza sem fim, cinco minutos dentro de um carro, à cama novamente. Um novo sol, cara amassada, corpo cansado, fotos em cima do armário, lembrança reativada, solidão. A roupa engomada, as mesmas botas de sempre, água nos olhos fechados, escova nos dentes, cabelo penteado, coração apertado, alma ausente, um leite congelado, um café quente, o bolo fatiado, a mesa arrumada, rotina “ala Stephen King”, tempo que não passa. As mesmas ruas, o ônibus branco e azul, a mesma viagem, todos os dias iguais. O bom e velho trabalho, as mesmas pessoas, atitudes lamentáveis, focos de depressão, o habitual desânimo, o incontrolável medo de errar. Horas passadas e mais horas passadas. A fuga do sol, um pouco de liberdade, curta, vaga, vazia.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Em tempos de Maria e José

Em tempos de Maria e José

Quando abri os olhos e dei-me conta do enorme erro que acabara de cometer já havia se passado quase três anos. Voltei a respirar depois de muito tempo, a cabeça ainda lenta, os dedos dormentes, insônia... E ao perceber que naquele momento eu voltava à vida dei-me conta do que Nietzsche há tempos tentou me mostrar: Humano, demasiado humano, tão previsível, todos iguais. Como me deixei enganar outra vez?

À uma da manhã, após sete dias de agonia absoluta, me vejo aqui, sentado, sozinho, esperando o sono que não vem. Mentirei se disser que sinto falta de Maria, mas renegar tudo o que passamos também não posso. Mentirei novamente se ousar julgar meus dias de inabalável dormência como bons tempos que não quero esquecer. Cafajeste? Não. Covarde? Dessa vez admito que fui.

Eu, o bravo José, homem forte e decidido, condeno-me perpetuamente por repetir esse triste papel. Na amargura reprimida o riso falso e ensaiado. Já o amor que se sentia, esse não era falso, mas também não era amor. Hoje, mais gente me odeia do que me ama, efeito dos anos que passei dormindo. Maria disse que não me odeia, mas que sente muita pena de mim. Piedade. Sentimento piegas. Preferia que me odiasse logo de uma vez!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Entrevista: Fredd Cassiano


Entrevista: Fredd Cassiano
A vida e a arte de um dos precursores da tatuagem artística no Brasil.


Fredd em estúdio na Vila Madalena,
em São Paulo.
A tatuagem é considerada uma das formas mais antigas de expressão corporal de que se tem notícia. Juntamente com a dança e os rituais de adoração da antiguidade, provas arqueológicas comprovam que as tatuagens foram feitas no Egito há mais de 6.000 anos a.C.

Proibida na Idade Média pela Igreja Católica, sendo considerada uma prática demoníaca, a tatuagem resistiu ao tempo e ao preconceito, e, atualmente, atua – ou deveria atuar! – como a transcendência do pensamento individual através da simbologia, assim como uma prática para a cisão dos paradigmas e padrões ditatoriais impostos pela sociedade. O tempo passou e à tatuagem fora associado o status de arte, podendo esta ser confrontante, idólatra, temporal ou atemporal, porém, para os entendidos, jamais subjetiva.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Até mesmo na sujeira pode-se encontrar a cultura

Ratos de Porão incendeiam o Centrão em Itapira
João Gordo e Cia não economizaram no barulho e na energia.
João Gordo e sua trupe levaram energia ao Centrão.
Quem compareceu ao Centro Comércio e Indústria (Centrão), em Itapira, na última sexta-feira (04), presenciou um típico show de punk rock e hardcore: danças histéricas, som pesado quase ensurdecedor e muita energia. A noite, que teria seu auge com a banda Ratos de Porão, foi sendo delineada por traços escuros e pesados. E para os moldes do rock and roll tudo se fez completo, até pela ausência da banda Voz em Fúria, cover do grupo californiano Rage Against the Machine, que seria a quarta atração de abertura a adentrar ao palco.

Para esquentar as turbinas e conter a crescente ansiedade das pessoas que compareceram ao evento, a banda Slasher, que obteve excelentes críticas com o EP Broken Faith, apresentou seu Thrash Metal pesado e atual. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando você voltar

Quando você voltar

Eu só queria que você soubesse o quanto eu te amo,
Pois hoje acordei apavorado pensando que você não sabia
E, embora eu saiba que eu viva te lembrando disso,
De repente me bateu um branco
E um medo grande de te perder.

Eu acordei pensando num monte de coisas que eu já te disse,
Coisas que fazem toda a diferença e que,
Por um instante, achei que você pudesse ter esquecido.
Fiquei desesperado!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Laranjas e araticuns

Laranjas e Araticuns

Um conto sobre a simplicidade e a amizade verdadeira.
Osório percebe que aqueles meninos indesejáveis adentraram em suas terras novamente. O que buscam ele já sabe: um banho refrescante e imundo no velho lago Vicentão, araticuns despedaçadas ao chão, um pouco de bagunça inconsciente e descompromissada e algumas das enormes laranjas que seu fornido pomar ostenta!
São vários e sempre os mesmos. Seu Osório “velório” – assim como é chamado pelos garotos por sua carranca fúnebre – irrita-se sempre quando os vê, não por danos que os pobres venham a causar, mas por ser um velho sozinho e rabugento!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Em 2011 permita-se ser grande

Em 2011, permita-se ser grande
É tempo de mudança e de grandes realizações.

Tenha o mundo em suas mãos.
Um novo ano chegou e junto a ele um imenso anseio por novas metas e novas realizações. É hora de espantar a preguiça e começar tudo novamente. Trabalho, estudos, cuidados com o corpo e a mente, além de todos os desafios cotidianos, fazem da vida um constante exercício de evolução pessoal e autoconhecimento.
O caminho para as grandes conquistas ainda é tortuoso e extenso, inexorável àqueles que se entregam ao pessimismo e ao desânimo. Sobretudo, tal caminho assemelha-se aos vários caminhos acidentados já percorridos ao longo da vida, deixando claro que é possível chegar ao fim de uma árdua jornada.
Este é o tempo de arriscar mais, de lutar mais, de ganhar mais. Os dias que virão serão testemunhas da iminente ascendência econômica do país e recompensará aqueles que se mostrarem mais aptos e comprometidos com seus objetivos.

O telefonema

O telefonema

Depois de alguns segundos tentando relembrar o código de área, Atílio digita mais oito números dos quais esquecera minutos depois, aguarda outra dúzia de segundos, agora munido de certa apreensão, e já com o telefone pressionado à orelha esquerda ouve uma voz suave do outro lado da linha:
- Alô! Quem fala?
- Sou eu, não se lembra mais de mim! – responde Atílio caminhando de canto a canto da sala de sua querida tia.
- Nem imagino! Como posso saber?
Sem contar com a sinceridade da resposta ele enxuga as mãos na calça jeans batida, deixando transparecer em sua voz a satisfação incontida.
- Vou te dar uma chance!
- E eu vou desligar! – dispara Amélia, que há anos rondava os sonhos de Atílio. Com medo de perder a única chance em cinco anos de espera, o atabalhoado rapaz de mento proeminente e nariz pontudo, elucida o mistério com rapidez.
- Sou eu, Atílio! Não se lembra mesmo de mim?
 - Atílio! – fala ela pausadamente.  – Não posso acreditar que é você! – continua, demonstrando demasiada surpresa.
- Estava por perto e resolvi ligar – mente ele, ocultando o fato de Amélia ser presença garantida em seus sonhos.
Antes que ele pudesse prosseguir ela irrompe em um interrogatório matador.
- Casado? Filhos? Homem ou mulher? Continua esquisito? Cabeludo? Onde está morando... Conte-me tudo! – parando somente para recobrar o ar que naquele momento fugira de seus pulmões.
- Bem, eu... – Atílio emudece por um instante para pensar. Atordoado com tantas perguntas ele se lembrou dos bons tempos de faculdade em que ouvia Amélia falar com entusiasmo e graciosidade, exatamente como acabara de fazer.
- Pensei em te ver – diz timidamente, sem responder a nenhuma das perguntas que sua interlocutora havia lhe feito.
- Me ver? Para quê?
- Preciso de um motivo? – replica rápido e astuciosamente, mesmo sem querer.
- Foi o beijo, não foi? – indaga. – Já faz cinco anos Atílio. Melhor esquecer – conclui a moça bonita com olhos de esmeralda.
Sem repetir o raro momento de destreza o jovem desengonçado agora sua em bicas, pronto para desligar o telefone. Atílio beijara Amélia anos atrás, em noite clara que jamais conseguiu esquecer, porém, é certo que este não é o motivo do telefonema, mesmo que agora ele próprio começasse a questionar o real motivo da ligação.
- A lembrança do beijo não nego, mas apenas pensei em você – explica, enquanto tropeçava no tapete da sala e caia sobre a estante, derrubando objetos de souvenir e porta- retratos de família.
Aproveitando um momento ínfimo de silêncio, prosseguiu.
- Acho melhor desligar. De qualquer forma foi bom falar com você – finda em tom derrotado.
- Mas como assim? Ainda nem conversamos. Ao menos sei que continua esquisito! – ela o chacoteia.
- Quer me ver ou não? – impacienta-se Atílio.
Na mesma hora Amélia desliga o telefone impetuosamente, deixando apenas o som intermitente da linha sem sinal. Irritado consigo mesmo, Atílio reconstrói em sua mente a imagem do corpo curvilíneo e perfeito de Amélia, imaginando-se fitar aqueles grandes olhos verdes, ao tempo que ameiga seus longos cabelos negros.
Respira fundo, esquece novamente o código de área, lembrando-o segundos depois, arranca um pequeno pedaço de papel mal cortado do bolso da calça surrada, lê com dificuldade os oito números nele contidos e, por fim, volta a colar a orelha esquerda ao telefone. Após inacabáveis toques renitentes, eis que alguém atende:
- Alô!
- Me desculpe, podemos começar novamente? – implora, sentindo-se um idiota.
- Eu quero que você morra, Dalton – vocifera Anete, irmã de Amélia, nem mais feliz e nem menos bela. – Me deixe em paz e volte para as meretrizes de que tanto gosta! – esbraveja ela.
Sem jeito, Atílio pede gentilmente para falar com Amélia, tendo a certeza de que Anete o confundira com alguém. Inexoravelmente, sem se desculpar, a irmã exaltada abandona o telefone, que permanece mudo por quase um minuto, uma eternidade!
- Me desculpe, Atílio – ecoa de repente. – Só me causa estranheza, sei que você me entende – responde Amélia com brandura apaixonante.
Atílio consente.
- Posso lhe ver? – ele pergunta em tom conclusivo.
Amélia respira pesadamente duas ou três vezes, sente uma estranha e ao mesmo tempo reconfortante sensação lhe tomar o corpo. Um sorriso discreto lhe foge ao canto da boca e ela, sem entender muito toda aquela situação, percebe estar feliz.
- Tudo bem, Atílio, podemos nos ver.
Ainda confuso mas extremamente feliz, Atílio profere algumas palavras numa gagueira patética, porém sincera. Desliga o telefone e contente encaminha-se para a porta da sala. Atrapalhado, despede-se de sua querida tia, tropeçando novamente no tapete agora amarrotado.  
Outubro de 2010