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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Dias tristes

Dias tristes

A solidão que preenche as folhas, também corrói a alma.
Desolação. Uma imagem na mente, uma tristeza sem fim, cinco minutos dentro de um carro, à cama novamente. Um novo sol, cara amassada, corpo cansado, fotos em cima do armário, lembrança reativada, solidão. A roupa engomada, as mesmas botas de sempre, água nos olhos fechados, escova nos dentes, cabelo penteado, coração apertado, alma ausente, um leite congelado, um café quente, o bolo fatiado, a mesa arrumada, rotina “ala Stephen King”, tempo que não passa. As mesmas ruas, o ônibus branco e azul, a mesma viagem, todos os dias iguais. O bom e velho trabalho, as mesmas pessoas, atitudes lamentáveis, focos de depressão, o habitual desânimo, o incontrolável medo de errar. Horas passadas e mais horas passadas. A fuga do sol, um pouco de liberdade, curta, vaga, vazia.
As mesmas ruas, a mesma casa, um único pensamento. Uma nova noite, cara abatida, corpo dolorido, as fotos que ativam a dor. Solidão. Roupa rasgada, sapatos diferentes, banho de gato, cabelos bagunçados, um relógio, escova nos dentes, Janis Joplin para entristecer. Só o cheiro da comida, a benção da mãe, as mesmas ruas, o mesmo ponto, um outro ônibus. Um breve descanso, meia dúzia de palavras inúteis, a segunda cidade dos meus pesadelos, o mesmo prédio, as mesmas pessoas, o mesmo copo de cerveja amarga. Horas passadas e mais horas passadas. O mesmo ônibus, mais meia dúzia de palavras inúteis, outro breve descanso, a primeira cidade dos meus pesadelos. O mesmo ponto, um cansaço absurdo, aquele frio que congela a alma. O portão cinza da mesma casa, luzes apagadas, paredes adormecidas, as mesmas fotos que não saem de cima do armário, uma lágrima apenas, aquela tristeza sem fim, à cama novamente. Desolação.

Fevereiro de 2004

2 comentários:

  1. Qualquer semelhança não é mera coincidência! demais!!!

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  2. o contidiano e seu inevitável massacre. A essencia do trivial. A bulimica historica repetitiva do acaso inexistente.

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