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terça-feira, 22 de março de 2011

A história da tatuagem


Simbolismo, crença e preconceito: o universo da tatuagem.

Representação das primeiras tatuagens
contemporâneas.
A tatuagem é considerada uma das formas mais antigas de expressão corporal de que se tem notícia. Juntamente com a dança e os rituais de adoração da antiguidade, provas arqueológicas comprovam que as tatuagens foram feitas no Egito há mais de 6.000 anos a.C. Há registros de múmias egípcias com mais de 3 mil anos que apresentam pontos e traços na região do abdômen, supostamente relacionados a cultos de fertilidade.

O termo “tatuagem” surgiu após expedição feita pelo navegador inglês James Cook, na Polinésia, onde os nativos cultivavam o hábito de marcar o corpo com tinta, naquilo que eles intitulavam “tatao”.

 
A prática da tatuagem foi iniciada como forma de expressão da personalidade individual ou de pessoas de uma mesma comunidade. Membros de tribos primitivas se tatuavam para marcar fatos da vida biológica – nascimento, puberdade, reprodução e morte –, bem como, relatos da vida social – tornar-se guerreiro, sacerdote ou rei.

No Império Romano, escravos e prisioneiros eram tatuados para não serem confundidos com cidadãos mais bem afortunados. Já na era Cristã, sob o julgo do poder pagão, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, como, por exemplo, cruzes e letras gregas. Proibida na Idade Média pela Igreja, sendo considerada uma prática demoníaca, a tatuagem se manteve intimamente ligada ao conceito de perversidade e da contravenção.

Tal imputação é reforçada pela incidência de determinados fatos históricos ocorridos a partir do século XV, os quais que explicam e dão luz à idéia de contravenção e iniquidade associada à tatuagem. Entre os séculos XV e XVII, devido à invasão otomana ao sudeste europeu – Península Balcânica, atual Bósnia e Herzegovina –, os católicos tatuavam cruzes como forma de evitar o culto a Ala. Por volta de 1600, com o fim das guerras feudais no Japão, os serviços dos samurais tornaram-se desnecessários, culminando no nascimento da máfia japonesa Yakuza. Em 1879, o governo inglês adotou a tatuagem como uma forma de identificação de criminosos – fato este recorrente nos atuais presídios brasileiros para identificar cada criminoso de acordo com o seu crime, não de forma normativa, logicamente, mas pela cultural prisional do país. Em tempos mais recentes, durante a Segunda Guerra, nazistas tatuavam números de identificação em prisioneiros judeus nos campos de concentração.

Como se verifica, à tatuagem associa-se um estigma pejorativo que nela se impregna e se confunde. Apesar do que conta toda a história, o conceito que hoje recai sobre essa arte é o de livre expressão do pensamento através do corpo e a transmissão de significados através de símbolos e ícones. Resistente ao tempo e ao preconceito, atualmente a tatuagem atua como a transcendência do pensamento individual através da simbologia, assim como uma prática para a cisão dos paradigmas e padrões ditatoriais impostos pela sociedade.

 
Os Maoris e a prática da "tatao".
A tatuagem através do tempo

Entre 2160 a.C. e 1994 a.C.
Múmias de mulheres, como Amunet, possuem traços e inscrições no abdômen.

Entre 600 a.C. e 500 a.C.
Múmias siberianas apresentam ombros tatuados com animais, reais e imaginários.

Entre 509 a.C. e 27 a.C.
Os imperadores romanos determinam que todos os prisioneiros e escravos sejam tatuados para diferencia-los dos cidadãos mais abastados.

787
O Papa Adriano I proíbe a tatuagem alegando ser uma prática demoníaca.

Entre os séculos XV e XVII
Durante a invasão otomana à Europa, católicos tatuam cruzes e outros símbolos da fé cristã em recusa ao islamismo.

Início do XVII
Com o fim das guerras feudais no Japão, os serviços dos samurais passam a ser desnecessários. Surge assim, a Yakuza.

1769
Em expedição à Polinésia, o inglês James Cook observa o costume dos nativos em marcar o corpo com tinta. Origina-se o termo “tattoo” (tatuagem).

Entre 1831 a 1836
A bordo do HMS Beagle, o naturalista Charles Darvin registra que a maioria dos povos do planeta contém algum tipo de tatuagem.

1891
O americano Samuel O’Reilly patenteia a máquina de tatuar.

1942Durante a Segunda Guerra, nazistas tatuavam um número no corpo dos judeus para identificá-los.

1959
Chega ao Brasil o primeiro tatuador profissional. Tratava-se do dinamarquês Knud Gegersen.

1961
Após surto de hepatite B, a Secretaria de Saúde de Nova York proíbe a realizações de tatuagens da cidade.

Dezembro de 2009
Depois de 52 horas tatuando o corpo de Nick Thunberg, o americano Jeremy Brown bate o recorde mundial de sessão mais longa.

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