Desabafo de um aspirante à coisa nenhuma.

Revoltado sem causa

Não seja extremista, apenas intenso.

Chega dos meus modismos desenfreados e daquela cara amassada e mal-humorada a cada amanhecer. Chega dessa palhaçada toda, pois agora é assim: Deus por todos nós e cada um que morra por aí. Eu cansei de mim mesmo e isto nem de perto é obra do meu famoso cinismo. Hoje, quem vos fala sou eu mesmo e não aquele outro cara chato e intragável. Cansei de toda essa babaquice que me cerca. Do mesmo e sempre papo furado, o eterno blá, blá, blá. Eu não posso nem mais tomar minha cerveja barata! Cansei.

A doce melancolia que eu sentia, que me deixava tão triste e sozinho, e que por tanto tempo eu achei que existia, simplesmente me abandonou. Mas como eu já disse, hoje eu não estou gente.
A música que toca ainda é a mesma, mórbida de dar raiva. Contudo, se ainda ouço as mesmas músicas é porque parte de mim ainda resiste. Bem, nem todas as revoluções são perfeitas. Afinal de contas, qual revolução foi perfeita! Nem me atrevo a entrar nesse assunto caótico e correr o risco de encontrar algum sociólogo – psicótico – disposto a me enlouquecer, e acreditem-me, eles sempre estão!

Sarcasmos à parte, eu vou continuar a reclamar. O Rauzito já fez isso e ninguém falou nada. Até cachorro-urubu o cara teve a manha de ser! Retomando meu raciocínio, chega! Chega da cretinice desse bando de otário que vive a me perseguir. Eu quero seguir em frente, sem gente pra me aborrecer. Eu quero ser diferente, daquele tipo que não conseguimos nem perceber. Eu quero ver meu girassol que há dias não vejo. Quero malhar o telefone na parede só pra ver se ele funciona. Quero esquecer esses malditos relatórios que me aprisionam. Eu quero férias, mas fevereiro nunca chega.

Estou até pensando em fugir para algum lugar que me traga mais fé, sei lá, Cabobró, São Thomé, Santa Gertrudes ou Maria da Fé! Chega mesmo, chega de tanta aparência, de coisas que eu nem sei pra que servem. Eu vou continuar todo rasgado e molambento como sempre fui e contradizer tudo o que eu acabei de falar [a vida me deixou mais idiota do que o normal!]. Quanto tempo mais eu perderei pensando em como seria ser um imbecil socialmente aceito? Receio que seja hora de eu tomar meu comprimido e dormir! No entanto, o sono não vem, a ira já foi e os Simpsons vai começar.

25 de novembro de 2004