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segunda-feira, 14 de março de 2011

O preço da desistência

Cabeça vazia



Uma cabeça vazia ignora os
riscos e se autodestrói.
Em minha cabeça estragada, pensamentos não entram. Sem ideias, sem parafusos, parada no tempo. Em minha cabeça estabanada inteligência não entra, as informações são sempre as mesmas, laranjas, maças, esquecimento! Em minha cabeça atormentada, filmes "kubrickianos" rodam a todo o momento, ora evolução, ora ultraviolência. Em minha cabeça alterada há dúvidas e ainda ontem eu esperava que tudo mudasse!

Em minha cabeça desvairada coisas estranhas desfilam, falam comigo, mas quase nunca respondo. Sempre tive estes problemas de comunicação! Em minha cabeça vazia vive essa minha cara feia, com estes olhos fundos e este nariz enorme [...] pouco me importo e nisso nunca reparei, e mesmo que a fealdade em mim se fez presente, ainda me vieram algumas rosas daquelas que não florescem nos jardins.



Em minha cabeça tem meu pai, minha mãe, meus irmãos, a feira de domingo, a menina que há três anos esbraveja [infelizmente, não mais!], meu intocável acervo, o maldito despertador histérico que convulsiona às seis da manhã, essa música tenebrosa do Rolling Stones, minha coleção de estrelas coloridas e algumas coisas que nem valem a pena lembrar.

Em minha cabeça as pessoas gritam e reclamam, choram e pedem ajuda, se apoiam e dormem. Contudo, essa minha cabeça ainda não padeceu, o que me parece estranho e controverso, em vista de tudo que essa cabeça já passou. Enfim, quanto vale o pensar? E se eu não pensar, como posso decidir? E se eu não decidir, como saberei o preço a pagar? E se eu  simplesmente desistir de tudo e enfiar uma bala nessa minha cabeça que só pensa e não resolve meus problemas?

Em minha cabeça há apenas um espasmo constante, fecha minha mente, tranca-me em meu mundo e torna-me sozinho. Em minha cabeça, o vazio.   

18 de fevereiro de 2005

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