Início de um novo tempo
Tem dias que gostaríamos que o sol não nascesse e que a noite perdurasse eternamente,
Tem dias que os olhos custam a abrir e uma sensação de fraqueza nos invade,
Tem dias que na solidão de nossa cama desejamos ser esquecidos,
E como são difíceis os dias assim!
Sentimos-nos perdidos e tudo perde a graça,
Sentimos-nos vazios sem ter nada que nos preencha,
Sentimos-nos pequenos como alguém perdido em meio a uma multidão de desconhecidos,
Sentimos-nos incapazes e incrédulos com a direção da própria vida,
Sentimos-nos impossibilitados de sentir.
Nessas horas não recorremos a livros de autoajuda,
Não buscamos conselhos gratuitos de quem também não sabe o que fazer,
Não nos completamos com frases feitas e batidas lições de vida,
Não ouvimos, não sentimos, não amamos, não nos abrimos...
Nessas horas o tempo parece não passar e as coisas que esperamos com afinco parecem não chegar nunca.
E já no auge do nosso não-existencialismo,
Deitamos novamente, deixando os olhos vaguearem.
Não há o que entender, mesmo que insistam em nos analisar,
Não há com que lutar, mesmo que algo deva ser conquistado,
Não há desafio dignificante, apenas o esforço indigesto de manter aquilo que deveríamos desesperadamente mudar.
E hoje, diferente de tudo que estamos acostumados a ver, não haverá final feliz,
Os olhos lacrimosos não deverão cessar a tristeza,
O espírito não deverá se encher de alegria e paz efêmera,
As palavras não deverão ser suaves e acolhedoras,
Os problemas irão embora quando o momento for apropriado.
Então, nossos dias que eram frios e nebulosos, se encherão de vida,
Nossos olhos inchados e opacos ganharão luz resplandecente,
Nossos caminhos tortuosos serão retos e agradáveis,
A multidão nos trará calor e alento,
E os dias serão incríveis de ânimo inimaginável.
21 de fevereiro de 2011
O que particularmente me conforta é que as manhãs sempre serão outras e que por algum motivo, que ainda ei de compreender, elas não se repetem, nunca!
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