Do mais simples boteco ao mais refinado
teatro, usado por caipiras, boêmios, pagodeiros, sertanejos, roqueiros e
eruditos, o violão, instrumento do povo e símbolo da vagabundagem, também
frequenta a elite dos mais refinados músicos. Usado harmonicamente como
acompanhamento, melodicamente como instrumento de solo, ou os dois juntos em
peças elaboradas e intrincadas, equipara-se ao piano em versatilidade. Fácil de
tocar, mas ao mesmo tempo difícil de dominar. Existem violões baratos, que
qualquer um pode ter em casa, mas se forem feitos de madeiras nobres, por um
luthier de renome, são verdadeiras joias que podem valer milhares de reais.
De origem espanhola, o violão erudito
moderno como conhecemos hoje definiu seu formato nas mãos do luthier espanhol
Antonio de Torres Jurado (1817/1892). As três primeiras cordas (primas) eram
feitas de tripa de carneiro e as três últimas (bordões) tinham um fio
principal, chamado de alma, feito de seda e um enrolamento externo feito em
tripa. Entre 1944 e 1948, Albert Augustine, dinamarquês que morava em Nova
York, em parceria com o violonista espanhol Andrés Segóvia e a empresa química
americana DuPont, desenvolveram as cordas de nylon, que rapidamente caíram no
gosto popular. Hoje, existem inúmeros formatos e modelos de violões, feitos
para se adaptarem aos mais diversos estilos musicais. Amado por todos, conquistou
seu espaço como instrumento nobre e respeitado, e a cada dia surgem músicos
virtuosos desenvolvendo novas técnicas que nos fazem acreditar que as
possibilidades musicais do violão são infinitas.
Ocupando o mais alto trono dos
instrumentos de corda dedilhada, nosso monarca mantém sua tradição e elegância,
ao mesmo tempo em que curva-se humildemente para, de seu tronco, nascer a
guitarra elétrica. Mas isso é uma outra história...
FÁBIO
GONÇALVES é
músico entusiasta e luthier na cidade de Mogi Guaçu (SP).
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