Espaço Aberto - Luciano Santos

Pela primeira vez, o blog Letra e Cultura abre suas portas para um artigo provindo de outro escritor. Com vocês, Luciano Santos em "Sobre amizade e outras coisas".

Sobre amizade e outras coisas

“A amizade verdadeira é como água fresca em deserto árido, difícil de encontrar”.

Venha com sonhos e de olhos risonhos.

Às vezes, eu me pego pensando sobre o que é necessário para ser feliz. Na cabeça de muita gente aparece dinheiro, carros, viagens, muitas coisas materiais. O engraçado que na minha cabeça só vem pensamentos como amar, curtir, viver, sentir cada sentimento por menor que seja.

Uma pessoa muito especial me disse um dia:

- Toda vez que a gente se fala você sempre está fora de casa ajudando alguém – confesso que nunca tinha percebido isso.

Essa constatação me faz pensar na seguinte questão: será que se um dia eu precisar de algo alguém irá me ajudar? Terá alguém disposto a perder o seu precioso tempo me escutando? A minha sincera modéstia me diz que se um dia eu precisar de alguém será apenas para desabafar, pois tudo o que eu passei na minha vida nunca houve uma única vez em que eu precisasse de algo que eu mesmo não pudesse fazer.

O que isso quer dizer eu não sei, só sei que às vezes o remédio para os nossos problemas está na maneira como os encaramos. Tudo isso em que eu acredito está se desfazendo em minhas dúvidas e sobre tudo o que eu imaginava para minha vida, pois quando eu tinha 12 anos a minha única vontade era ser como o cara de uma capa do disco dos Stones, cabeludo, barbudo, cheio de tatuagens pelo corpo. Àquela época, nunca pensei que meus pais iriam se separar e que eu assumiria responsabilidades que nunca imaginei assumir aos 22 anos de idade.

As viagens malucas já não fazem parte da minha rotina, as bandas em que eu tocava já não se encaixam em meu tempo, os balcões de bar, as noites sem dormir, a vida simples sem ter muito no que pensar. Parece que tudo se perdeu e eu simplesmente deixei as coisas acontecerem. Mas quer saber, o tempo que eu deixei pra trás era uma época feliz na qual eu queria continuar vivendo, pois eu preciso de muito pouco pra viver.

Desse tempo pra cá o cabelo já se foi, a barba eu a conservo dentro de um padrão socialmente aceitável e as tattoos, bem, essas sim eu jamais abandonarei. Atualmente, de tudo o que eu vivi nos meus 26 anos e que eu tenho de mais precioso não é o status de empresário responsável que cuida da família, mas sim, uma caixa cheia de fotos de momentos que tenho saudade e um quarto cheio de instrumentos que me levam para um passado no qual a felicidade era acertar as notas de uma música legal. E os amigos, desses nem preciso falar, pois a amizade verdadeira é como água fresca em deserto árido, difícil de encontrar.