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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Abaixar o rio ou levantar a ponte?

Recentemente, o aumento da criminalidade infantil reacendeu a discussão sobre a diminuição da maioridade penal no Brasil. Os argumentos em pauta levantaram a questão da capacidade de discernimento do jovem entre o certo e o errado, bem como as diferenças sociais e o fácil acesso à informação que, hoje, proporcionam o desenvolvimento e amadurecimento precoce de adolescentes, defendendo, assim, que estes indivíduos passem a ser julgados como adultos aos dezesseis anos, e não mais aos dezoito.

Diante de um sistema prisional absolutamente ineficaz no tangente à ressocialização de detentos, é evidente que a redução da maioridade terá um efeito completamente deletério e maléfico, uma vez que os novos imputáveis serão atirados em uma esfera criminal muito mais nefasta e organizada do que as ruas em que cometiam seus delitos.

É importante ressaltar, ainda, que a diminuição da maioridade penal não resolverá o problema da criminalidade no país. Muito pelo contrário. Apenas fará com que um novo público, este ainda mais novo, seja aliciado e atraído ao mundo do crime. Em si, a matéria em pauta se mostra equivocada, pois propõe o debate sobre a redução da maioridade penal quando deveria discutir a problemática da criminalidade como um todo.

Se o critério de discernimento fosse realmente significativo, milhares de adolescentes estariam apinhados nas já superlotadas unidades carcerárias espalhadas pelo país. Basta consultar qualquer estatística para comprovar que a maioria dos menores que comete infrações nasceu em famílias de classe baixa, passou por escolas sucateadas e conviveu com a violência desde o berço.

Isto posto, em discussões desta magnitude, a emoção jamais deve sobrepor a racionalidade e as deliberações acerca do assunto não podem ser paliativas ou motivadas pela mídia ou pressão popular, sob o risco de culminar problemas ainda maiores no futuro.

Tem-se, portanto, de preparar e instruir os jovens com sólidos princípios éticos e morais, oferecendo-lhes educação de qualidade e um caminho de respeito e cooperação mútua. Por outro lado, é necessário criar medidas socioeducativas para todas as fases da infância e juventude, além de investir em ações que realmente promovam a ressocialização. De modo geral, basta seguir o que Pitágoras instruiu a mais de 2.500 atrás. “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos.”

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