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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Espaço Aberto: Joy Arruda

Diga ao seu pai o quanto o ama
"Neste Dia dos Pais, lembrem-se de que as palavras e o sentimento não precisam ser parcelados no cartão de crédito, pois o maior presente aos pais é o amor de um filho." 

O maior herói de todos.
Às vezes, me pego pensando em qual é a participação de um pai na vida de um filho. É a mãe que carrega o bebê por nove meses, sofre na hora do parto, amamenta. E o pai? “O Pai é a sanidade da mãe”, já dizia um velho sábio cujo nome já não me lembro mais.

Pode não parecer, mas o pai está presente o tempo todo. Como? A mãe, sozinha, não concebe filho nenhum. Para ter uma gravidez tranquila e serena precisou que ele estivesse ao seu lado. Com certeza, ele estava atendendo os desejos da mãe quando ela, pela madrugada, teve uma súbita vontade de comer fruta do conde! Garanto que ele entraria em um cemitério à meia-noite, em plena lua cheia, se isto fosse necessário para atender ao desejo da esposa.

Ah! O ultrassom. Será que o pai não se fez importante nessa hora, tentando esconder a lágrima e fingir sempre que homem não chora? Poder compartilhar de um ser ainda tão pequenino, fruto do amor dos pais ou de um mero descuido. É possível mensurar o amor que ele sentiu?

Lembro-me do meu pai dizendo:
– Menina, tem que ter modos. Não coloque o cotovelo na mesa, não coma de boca aberta, sente-se direito, você está de saias! – nos dias de hoje, até acho engraçado, mas ficava bem chateada com a implicância! E me machucar, então! Meu Deus, mal sentia dor nos ralados, mas sentia o medo quando meu pai dizia que minhas pernas ficariam com marcas por toda a vida.

Em certas ocasiões ele era endurecido, em outras, carente. Tudo o que ele queria era um pouco de atenção e tudo que eu queria era farra e brincadeira. Quando a farra corria solta junto ao meu irmão – meu inocente caçulê! –, um assovio cortava a casa inteira e um arrepio entrava no corpo. Ai, meu Deus! Ele estava bravo. Aquilo doía mais que cinta.

E no corre-corre do dia a dia, as crianças crescem, os pais envelhecem, perdem a paciência, adquirem vícios, e os filhos... Os filhos querendo mandar nos pais. Meu pai ouvia sempre uma música do Tião Carreiro e Pardinho que falava. “Mundo velho está perdido, já não endireita mais, os filhos de hoje em dia já não obedecem aos pais”. Achava até engraçado, mas não era capaz de entender o significado daquela letra. 

Sempre fui uma boa filha, amei demais meu pai, mas disse pouco, demonstrei pouco. Talvez eu quisesse ser uma criança independente ou uma adolescente adulta, aquela que sentia vergonha de dizer que amava pelo simples medo de ser chamada de criança. Quanta besteira! Se um dia eu pudesse imaginar que esse dia não seria mais possível... 

Não há quem não precise de um pai, presente ou mesmo que seja ausente, um paidastro, um paidrinho, um pai adotivo, um pai amigo, um pai-mãe ou uma mãe-pai. Pai é exemplo, pai é escola. Como dizia a canção, “Pai, você foi meu herói meu bandido”, e que arma é essa que eles têm quando acabam os monstros embaixo da cama?

Essa semana eu aprendi a diferença entre a pizza e o conselho. Pizza é você quem pede e o conselho não, mas está aqui totalmente grátis um conselho que pode e vai fazer alguma diferença na sua vida. AME SEU PAI!

Ame e expresse esse sentimento, não tenha vergonha, não tenha medo, não desperdice tempo, não jogue fora seus sentimentos. Retribua o que ele sempre fez por você. Pois chegará um dia em que Deus precisará de um herói ao lado dele e aí o seu chão vai se abrir. Você constatará que todo o amor que você pensou ter dedicado a ele foi pouco. Aí, meu amigo, vai doer, vai doer muito, e por um bom tempo você vai se esquecer de que ele se foi e vai agir como se ele estivesse ali. E um pouco mais adiante você não conseguirá se esquecer que ele partiu e então ficarão as dúvidas, uma pergunta martelando se você fez tudo o que estava ao seu alcance. Nessa hora sobrará apenas um sentimento: A SAUDADE!

E a saudade aperta, sufoca e aumenta. Cada dia mais. Depois de alguns anos, você até se acostuma com o vazio, com a falta, lembra-se de algumas coisas com graça, passa um filme em sua cabeça, mas a saudade sempre vai te acompanhar e junto dela todo o sentimento reprimido de um dia não ter dito EU TE AMO, PAPAI! 

E nesse dia dos Pais, lembrem-se de que as palavras e o sentimento não precisam ser parcelados no cartão de crédito, pois o maior presente aos pais é o amor de um filho.
EU TE AMO PAI. Te devo isso. E espero que mesmo em outro plano o Senhor sinta isso. 
Feliz Dia dos Pais!



Joy Arruda é publicitária formada na Universidade Paulista (UNIP) Campinas e atualmente trabalha na Unimed.

3 comentários:

  1. Nossa história se confunde em muitas coisas. Não pode ser simplesmente coincidência. Deve haver algo por de trás de toda essa coisa chamada VIDA. É bom estar junto hoje e, de alguma forma, poder ajudar a suprir esta ausência tão importante para você. Parabéns pelo texto!!!

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  2. Me identifiquei muito com o texto. Quando estava prestes a perder meu pai, deixei aquela barreira de orgulho imposta em mim desde criança. Dei um abraço apertado nele e disse: Eu te amo muito!

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  3. Joy-Joy...
    Belas e sábias palavras Amiga!
    Mas, não carregue esse "fardo de culpa". Tenho certeza, que de onde ele estiver, está feliz e orgulhoso de tê-la como filha, e receptivo a esse amor.

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