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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Funk: expressão cultural ou produto midiático?


Desde o século XVI, a cultura africana no Brasil não era aceita pelos brancos que exerciam sua hegemonia no país. Expressões artísticas, como a capoeira e ritos religiosos, eram duramente combatidas e associadas, posteriormente, à Lei Aurea, bem como a grupos marginalizados, pobres e criminosos. 

Atualmente, as condições permanecem as mesmas, sendo o funk o ícone moderno da expressão criado pela população periférica. Entretanto, os temas abordados neste estilo musical são variados, sendo que alguns contribuem com a denúncia da precariedade social a que estão sujeitos, enquanto outros apenas lançam às mídias conteúdos escandalizadores, visando ao sucesso, ainda que temporário.
De acordo com projeto de Lei 4.124-A de 2008, o funk é definido como "forma de manifestação cultural de caráter popular". No início de sua criação, aproximadamente nos anos 1970, a musicalidade era baseada no ritmo produzido pelo som oral, sem instrumentos musicais e cantado nas ruas. Em sua maioria, abria um "leque" de informações e denúncias que deixavam públicas e firmadas as insatisfações vividas pelo povo, o que categorizava uma forma de expressão cultural.

Todavia, este cenário tem sofrido uma inversão de valores, já que as composições são, agora, de caráter apelativo e quase sempre direcionadas a questões eróticas. Com maior visibilidade e sucesso, os "MCs" ditam os novos padrões femininos e reafirmam o machismo na sociedade brasileira nos temas musicais, além de lançarem modas e costumes populares que são aderidos não só pela população de classe inferior, mas também média e alta.

Levando em consideração os argumentos supracitados, não se deve deixar para trás as questões levantadas pelo "funk primitivo", uma vez que o cenário brasileiro retratado nesta expressão cultural permanece o mesmo ou ainda pior. É responsabilidade do Estado, portanto, não submeter a população periférica ao total abandono, garantindo-lhe os direitos que estão na Constituição. A mídia, por sua vez, deve financiar também o funk engajado, e não só o funk "proibidão", não deixando que a verdadeira forma cultural perca força e que o país não seja marcado apenas pela sexualidade e diversões.

Texto produzido pela pré-vestibulanda Lorena Mizue Kihara.

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