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sexta-feira, 17 de junho de 2016

A ganância o torna invisível

Dignidade embaçada: o ser subjugado pelo ter. (Foto: Jedson Nobre)
Por Mayara Manera

A teoria da mais valia, produzida por Karl Marx, em alusão à exploração da mão de obra assalariada, propõe que, em detrimento de o patrão visar ao lucro, este acaba pagando menos ao trabalhador, que foi obrigado a trabalhar mais do que lhe foi pago. O uso da mão de obra do indivíduo, praticado como moeda de troca por dinheiro e poder, cria os fantasmas sociais. A busca incansável pelo dinheiro faz com que se deixe de lado a moral e o respeito pelo outro.

Os fantasmas sociais são pessoas “invisíveis” às que têm posição social mais privilegiada, isto é, indivíduos criados a partir do momento em que há uma relação - errônea - de que quem possui poder e detém uma grande quantidade de capital, consequentemente, torna-se merecedor de visibilidade e dignidade. Esse tratamento remete à coisificação do ser humano, conforme os escritos de Charles Bukowski, que disse que a ganância humana desconhece limites e é capaz de excluir o outro de acordo com seu poder aquisitivo.

Na Constituição, há a garantia do direito à liberdade, segurança e igualdade. Contudo, afundado em um sistema precário, o Estado não atua em consonância com os anseios e expectativas populares. A negligência ocasiona abandono social das pessoas economicamente desprivilegiadas, as quais não obtêm as mesmas oportunidades proporcionadas às classes mais abastadas. O abandono, por sua vez, gera pobreza, miséria, falta de moradia e emprego; portanto, essas pessoas abandonadas são submetidas a situações humilhantes, nas quais são tratadas como animais ou coisa qualquer.

Para que esse tipo de tratamento diminua, é necessária a compreensão da população de que as pessoas, independente de profissão ou classe social, são merecedoras de respeito e dignidade. Alinhado a isto, o governo, provendo o que está na Constituição, juntamente com as instituições competentes, deve garantir os direitos básicos de cada um, fazendo valer o que Immanuel Kant preconizou, ao dizer que "cada coisa tem o seu valor; ser humano, porém tem dignidade".

Mayara Manera é estudante, aspirante ao curso de Engenharia da Computação.

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