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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O crime e a mídia

Há duas décadas, quando iniciei minhas atividades como repórter policial, logo identifiquei a necessidade de profissionalização e cursei faculdade de Comunicação Social. Isso porque percebi que a segurança é um assunto que preocupa todos os cidadãos. O aumento das taxas de crimes, a baixa resolução desses delitos e o consequente aumento da sensação de insegurança me levou à reflexão: qual a minha responsabilidade, quanto jornalista? Como posso ajudar a reverter esse quadro?

Inegavelmente, as páginas policiais são as mais lidas e a mídia que explora o assunto tem público fiel. As reportagens mostram cada vez mais uma guerra civil que transformou o dia a dia do cidadão brasileiro. Contudo, essa mídia tem se tornando tão criminosa quanto os crimes que publica. Refiro-me ao “assassinato” da Língua Portuguesa, ao “estupro” da Gramática e às constantes “agressões” contra a Redação e as Figuras de Linguagem. Essa exibição da violação diária da ordem pública extrapola o limite do aceitável e exibe uma realidade paralela e assustadora: estamos cercados pela incompetência!

Esse bombardeio de ignorância nos atinge quase que instantaneamente (após um fato policial) pela internet, seja pelas redes sociais ou por meio de sites “fantasmas”, que parecem existir apenas na rede mundial. Essas “reportagens” digitadas por “papilomas” da comunicação não demonstram nenhum tipo de responsabilidade social com suas atividades ou respeito com seus leitores. O objetivo é único é a audiência – a qualquer custo!

Esse atual cenário de jornalismo diplomado desvalorizado e veículos profissionais de comunicação enfraquecidos coloca nossa sociedade numa encruzilhada: de um lado, a falta de políticas de segurança pública eficazes contra crimes. De outro, o constante aumento da criminalidade e, à frente, um futuro tenebroso quanto à nossa segurança e à qualidade das notícias.

Ciente de que não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas sociais, observei que cada cidadão pode contribuir para a melhoria na segurança de seus semelhantes, buscando tentativas de resgatar valores de convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas. A criação de critérios para escolha dos nossos governantes e a busca pela qualidade daquilo que lemos, ouvimos ou assistimos também é um ponto de reflexão. É preciso, sobretudo, uma vontade sincera e consciente de cada indivíduo que integra nossa sociedade.



ALAIR JUNIOR é jornalista guaçuano e apresentador do programa policial “Canal Aberto”, da SEC TV de Mogi Mirim.

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