Há duas décadas, quando iniciei minhas
atividades como repórter policial, logo identifiquei a necessidade de
profissionalização e cursei faculdade de Comunicação Social. Isso porque
percebi que a segurança é um assunto que preocupa todos os cidadãos. O aumento
das taxas de crimes, a baixa resolução desses delitos e o consequente aumento
da sensação de insegurança me levou à reflexão: qual a minha responsabilidade,
quanto jornalista? Como posso ajudar a reverter esse quadro?
Inegavelmente, as páginas policiais são
as mais lidas e a mídia que explora o assunto tem público fiel. As reportagens
mostram cada vez mais uma guerra civil que transformou o dia a dia do cidadão
brasileiro. Contudo, essa mídia tem se tornando tão criminosa quanto os crimes
que publica. Refiro-me ao “assassinato” da Língua Portuguesa, ao “estupro” da
Gramática e às constantes “agressões” contra a Redação e as Figuras de
Linguagem. Essa exibição da violação diária da ordem pública extrapola o limite
do aceitável e exibe uma realidade paralela e assustadora: estamos cercados
pela incompetência!
Esse bombardeio de ignorância nos atinge
quase que instantaneamente (após um fato policial) pela internet, seja pelas
redes sociais ou por meio de sites “fantasmas”, que parecem existir apenas na
rede mundial. Essas “reportagens” digitadas por “papilomas” da comunicação não
demonstram nenhum tipo de responsabilidade social com suas atividades ou
respeito com seus leitores. O objetivo é único é a audiência – a qualquer
custo!
Esse atual cenário de jornalismo
diplomado desvalorizado e veículos profissionais de comunicação enfraquecidos
coloca nossa sociedade numa encruzilhada: de um lado, a falta de políticas de
segurança pública eficazes contra crimes. De outro, o constante aumento da
criminalidade e, à frente, um futuro tenebroso quanto à nossa segurança e à
qualidade das notícias.
Ciente de que
não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas sociais, observei
que cada cidadão pode contribuir
para a melhoria na segurança de seus semelhantes, buscando tentativas de resgatar valores de convivência pacífica e
harmoniosa entre as pessoas. A criação de critérios para
escolha dos nossos governantes e a busca pela qualidade daquilo que lemos,
ouvimos ou assistimos também é um ponto de reflexão. É preciso, sobretudo, uma vontade sincera e consciente de cada indivíduo que
integra nossa sociedade.
ALAIR JUNIOR é jornalista guaçuano e apresentador do programa policial “Canal Aberto”, da SEC TV de Mogi Mirim.
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