David Supertramp: O andarilho
Introdução
A saga de David Supertramp. |
Voltou-se para o guardarroupa infestado de cupins insaciáveis, espremeu em uma pequena mochila surrada apenas o suficiente para se aquecer em noites gélidas, tomou para si três livros empoeirados que repousavam sobre uma prateleira desgastada pelo tempo – Orwell, Huxley e Salinger para os momentos de solidão – e, tomado por uma euforia improcedente e inexpugnável, partiu sozinho e sem rumo, certo de que fizesse a coisa mais lógica de sua curta existência. Doravante, Byron jamais seria o mesmo. Deixara para trás as máscaras da vida moderna e tudo mais que o remetesse àquele ser hermético que há pouco deixara de ser. Atravessou em segundos toda a extensão do lar infectado de ganância e rudeza. Com passos decididos ultrapassou o pequeno corredor escuro e a cozinha repleta de louças sujas e abandonadas, abriu a porta dos fundos e deparou-se com a imensidão há tanto ignorada por ele. Dali em diante, jurou nunca mais voltar àquela estrada sem respostas. Respirou lenta e pausadamente, lançou olhar para os seus pés premeditando o primeiro passo rumo ao desconhecido e partiu sem olhar para trás. Anos atrás, vira um filme sobre alguém que tivera a mesma impressão do mundo que agora lhe acometera, de sobrenome Supertramp. Fosse um presságio ou não, Byron irrompeu em fuga a caminho do nada, sem pensar ao certo nas implicações daquela atitude, sem pensar em nada. Daquele dia em diante já não era mais Byron Radison, mas sim, David Supertramp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário