Dentro de ônibus, em um trajeto pouco
convencional em minha vida, busco uma inspiração para a difícil tarefa de
escrever para o jornal Letra e Cultura que acaba de nascer em formato impresso.
Um periódico dedicado à cultura? Pura resistência! Resistência que se imprime e
que assinala um início, um confraternizar-se com tantos outros que não desistem
de suas artes, que se dedicam aos seus sonhos.
Existindo em um paradoxo de, ao mesmo
tempo, viver a plenitude do contato cultural, artístico e literário fora do
Brasil, enquanto acompanho e lamento os desmanches culturais que se agravam em
lugares do nosso país (nem vou explanar sobre a questão educacional), penso nas
oportunidades e nas faltas de oportunidades. Nas diferenças que foram
estabelecidas e naturalizadas. Nosso país ainda é controlado por corporações
midiáticas que lançam produtos e modas com a finalidade de manipular e de
formar consumidores ávidos por qualquer produto anunciado. Nesse misto de
consumo desenfreado e de controle de mentalidades, o espaço da originalidade se
esgota e o da criatividade se estreita. Tudo é produzido em série, pronto para
ser levemente degustado e jogado fora rapidamente para dar espaço ao seguinte,
quase idêntico ao anterior.
E como falar sobre Letra(s) e Cultura(s)?
Continuo à procura de inspiração...
Em uma miscelânea de anseios, ainda um
tanto confusos pela vontade de ampliar-se culturalmente, lembro-me de uma
pergunta que me fizeram: Cultura para quê? Com um sorriso no rosto, enquanto
viajava em meus pensamentos, respondi: Para viver! Hoje poderia ainda completar
esse pensamento: Para viver, para se realizar enquanto sujeito, para se
libertar!
Um indivíduo que vive a cultura
enriquece-se de conceitos, experiências, originalidade, criatividade e
liberdade. Coloca em si uma riqueza que não ocupa espaço, ao contrário,
demonstra a possibilidade que temos de dilatar em nós os espaços culturais, em
uma busca infindável por conhecer mais. E ninguém pode tirar, pois não é um
objeto qualquer. Riqueza que não perdemos nem quando passamos o que aprendemos
adiante, porque o ato cultural está permeado pelas trocas de constante aprendizagem.
Que a cultura permaneça! Que coletivos
culturais se multipliquem, que artistas e literatos sejam incentivados em suas
diversas formas de expressão para se autorrealizarem, para incitarem novos
talentos, para que possamos sentir o gosto da arte, a luz da cultura.
Três horas da manhã, eu nessas rodovias
e ainda sem saber sobre o que eu posso escrever...
Mesmo "sem saber o que escrever", Samantha, você nos deixou um ótimo texto sobre Cultura. Também penso como você colocou: mais Cultura para viver, para ser livre, criar. Eu já havia lido o seu artigo no jornal Letra e Cultura e aproveito a oportunidade para parabenizá-lo pelo iniciativa. Grande abraço.
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