A vida não pode ser uma tela em branco

As frustrações de uma existência cinza.

Quadros sem cor

Quando me esqueço de tudo

Não há nada que me faça relembrar,

Pensamentos esquecidos

Ideias que perambulam minha mente.

Quando não me esqueço de tudo

Fico livre para me aborrecer,

Cabeça vazia, ócio constante,

Plantas na janela imóveis no ar.

Quando me olho no espelho

Apenas cacos, pedaços espalhados ao chão,

Erros que marcam como brasa ardente

Noites perdidas em camas sórdidas.

Quando fecho os olhos marejados

Pesa em meus ombros o tempo desperdiçado,

Talvez acaso da má sorte

Ou mera busca infeliz.

Quando me esqueço de tudo

Lembro que nada fiz para esquecer,

Um erro após o outro

Plantas secas e mortas.

Quando imagino o fim

A vergonha incrusta em meu corpo,

São quadros que não enfeitarão minha alma

Boas lembranças que não virão me procurar.

14 de fevereiro de 2000.