A fotografia histórica capturada no interior das
fábricas inglesas, no século XVIII, contava com mulheres e crianças subjugadas
a precárias condições de trabalho. Neste contexto, a linha de produção era
formada, em grande parte, por pequenas mãos que tão pouco alcançavam a esteira
fordista e deixavam minimizadas as atividades da infância. Ao olhar para o
Brasil sob o mesmo prisma, resguardando seu contexto histórico e temporal, os
direitos das crianças e adolescentes, ainda que existentes, são seletivos em sua
abrangência e aplicabilidade, nutrindo uma infância desconfigurada e ausente de
movimentos criativos e sonhadores.
O cenário do trabalho infantil europeu do século
XVIII transmutou-se ao longo da história, não perdendo sua essência, e
personificou-se nos canaviais brasileiros no contexto do ciclo da cana-de-açúcar.
Também existente, a exploração infantil pode ser observada nas negligências
sociais que vitimam crianças menos abastadas, nas estruturas ideológicas
pautadas em coerção e em menores herdeiros de desestruturação familiar e
esquecidos pelo coletivo. Tal afirmação é corroborada a partir do livro
reportagem “A Guerra dos Meninos”, de Gilberto Dimenstein, o qual retrata assassinatos
de menores no Brasil por instituições oficiais de poder.
Além disso, sob um olhar sociológico, a infância
pode ser compreendida como um conjunto de movimentos de absorção do mundo e
externações de potencialidades livres e criativas, através de estímulos e
experiências empíricas. A partir disso, a construção da identidade do sujeito
social e político resulta do diálogo entre o mundo e o menor. A criança é, portanto,
social e histórica. A seletividade dos direitos a adolescentes e crianças
periféricas ameniza cosmovisões cheias de sonhos e cerceia a infância e a
adolescência diante de análises etárias, ademais, desencoraja novas
perspectivas de mudança e potencializa movimentos do coletivo coercivos,
autoritários e dogmáticos diante da tenra idade.
Diante das ideias supracitadas, a fim de que os aportes sociais às crianças e adolescentes não se tornem as elevações utilizadas por elas para se nivelarem às máquinas, e os seus direitos configurem-se de forma sólida e homogênea, é responsabilidade do Estado, logo, não subjugar a infância periférica ao total abandono, garantindo-lhe os direitos assegurados no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Diante das ideias supracitadas, a fim de que os aportes sociais às crianças e adolescentes não se tornem as elevações utilizadas por elas para se nivelarem às máquinas, e os seus direitos configurem-se de forma sólida e homogênea, é responsabilidade do Estado, logo, não subjugar a infância periférica ao total abandono, garantindo-lhe os direitos assegurados no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Faz-se necessário,
também, ações educativas através das escolas e instituições que executam
medidas socioeducativas para aqueles que, em situações de grande
vulnerabilidade, não desaprendam a sonhar logo na infância, mas se deixem
encantar como Zezé, protagonista do livro “Meu pé de Laranja Lima”, com
esperança e sonhos na juventude.
Texto produzido pela pré-vestibulanda Paola Mantovani.
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