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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Letras mortas

Percebe nas cartas?
As palavras estão sem sentido,
As letras não formam palavras...

E os versos?
As ideias não são mais as mesmas,
A loucura, amainada, desapareceu...

E quanto à música?
O compasso foge do ritmo,
Notas embebidas em tristeza...

Real(idade).

Natimorto espremido em ônibus lotados
Sozinho, é um maldito infeliz.
Julgado à fumaça de um cigarro,
Condenado sob o riso frouxo da embriaguez.

Ninguém o ouve neste mar de caos
No profundo escuro já não é mais ser,
São apenas olhos baços, sem expressão,
Pensamentos mortos espalhados no chão.

É distante frio, estranho, sem vida,
Traços cinzas plenos rabiscando a ferida
Adormecer perdido, beijo aveludado
Que no rosto esquálido não a de ter. 

Curitiba, novembro de 1999.

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