Espaço Aberto - Luciano Santos

Ora Bolas, por que não?

“E viva o Tim Maia!”

Por um pouco de sossego.

Certo dia, retornando de São Paulo, parei o carro em um posto de gasolina em uma rodovia, e de lá não consegui mais sair. Sentia que a cada quilômetro que andava em direção ao meu destino, mais próximo de um castigo eu estava, pois muito antes de chegar à minha bela Mogi Guaçu [e me perdoem aqueles que não gostam, mas eu simplesmente amo este lugar!], sabia que teria de enfrentar um grande problema. 

Dessa vez, surpreendentemente, quem me gerou este problema não foi qualquer pessoa, mas sim, a pessoa que mais amo nesse mundo e que jurei jamais abandonar enquanto viver. Me vi naquele posto, sentado à mesa de uma lanchonete, imaginando qual seria a reação de todos que me conhecem se simplesmente eu sumisse e não aparecesse mais, se simplesmente voltasse para São Paulo ao encontro de quem me faz um bem enorme e simplesmente deixasse meus compromissos para trás. Em pensamentos absortos, divaguei sobre ser irresponsável ao menos um dia na vida, mas isso não era uma opção. 

Meu relógio marcava nove e meia da manhã, tempo apertado para cumprir um compromisso que eu havia marcado às onze. Levantei da mesa, paguei minha conta e segui meu caminho. Chegando a Campinas, apenas trinta minutos me separava do caos. Naquele exato momento, um certo Tim Maia ecoou pelo carro pedindo sossego. De súbito, falei:

- Foda-se! - como eu disse antes, eu sou um verme! 

Peguei o celular, desmarquei tudo o que eu havia agendado, entrei no primeiro retorno para Campinas e lá fiquei até à noite, sem pensar em nada e sem ninguém para me encher o saco. Já amortecido de cansaço, retornei para casa sem forças para pensar. O importante é que estava feliz, com muito mais problemas e com bem menos dinheiro. No final, empurrei tudo com a barriga e acho que comecei a entender como se deve levar a vida. E viva o Tim Maia!