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Dignidade embaçada: o ser subjugado pelo ter. (Foto: Jedson Nobre) |
Por Mayara Manera
A teoria da mais valia,
produzida por Karl Marx, em alusão à exploração da mão de obra assalariada,
propõe que, em detrimento de o patrão visar ao lucro, este acaba pagando menos
ao trabalhador, que foi obrigado a trabalhar mais do que lhe foi pago. O uso da
mão de obra do indivíduo, praticado como moeda de troca por dinheiro e poder,
cria os fantasmas sociais. A busca incansável pelo dinheiro faz com que se
deixe de lado a moral e o respeito pelo outro.
Os fantasmas sociais são
pessoas “invisíveis” às que têm posição social mais privilegiada, isto é,
indivíduos criados a partir do momento em que há uma relação - errônea - de que
quem possui poder e detém uma grande quantidade de capital, consequentemente,
torna-se merecedor de visibilidade e dignidade. Esse tratamento remete à
coisificação do ser humano, conforme os escritos de Charles Bukowski, que disse
que a ganância humana desconhece limites e é capaz de excluir o outro de acordo
com seu poder aquisitivo.
Na Constituição, há a
garantia do direito à liberdade, segurança e igualdade. Contudo, afundado em um
sistema precário, o Estado não atua em consonância com os anseios e
expectativas populares. A negligência ocasiona abandono social das pessoas
economicamente desprivilegiadas, as quais não obtêm as mesmas oportunidades
proporcionadas às classes mais abastadas. O abandono, por sua vez, gera
pobreza, miséria, falta de moradia e emprego; portanto, essas pessoas
abandonadas são submetidas a situações humilhantes, nas quais são tratadas como
animais ou coisa qualquer.
Para que esse tipo de
tratamento diminua, é necessária a compreensão da população de que as pessoas,
independente de profissão ou classe social, são merecedoras de respeito e
dignidade. Alinhado a isto, o governo, provendo o que está na Constituição,
juntamente com as instituições competentes, deve garantir os direitos básicos
de cada um, fazendo valer o que Immanuel Kant preconizou, ao dizer que
"cada coisa tem o seu valor; ser humano, porém tem dignidade".
Mayara Manera é estudante,
aspirante ao curso de Engenharia da Computação.
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