Escolha um idioma para ler este blog | Choose a language to read this blog

domingo, 30 de agosto de 2015

O efeito Jim Morrison

O cemitério Père Lachaise pode ser visitado virtualmente pelo site
www.pere-lachaise.com (FOTOS: SAMANTHA LODI)
Morto há 44 anos, ícone maior do rock psicodélico continua atraindo fãs do mundo inteiro, hoje em seu túmulo, um dos pontos mais visitados de Paris.

É uma típica manhã parisiense de sábado. Metrô lotado, mas em apenas quatro estações desço em Père Lachaise. Alguns passos e estou no cemitério mais famoso do mundo. Arrisco e não pego o mapa, lembro-me bem como chegar à sexta divisão onde está o túmulo mais visitado das últimas décadas: o de Jim Morrison. Meu receio anterior, de não encontrar visitantes por ser um sábado ainda cedo, cai por terra.

Lápide de Jim traz grafada a frase
“Kata Ton Daimona Eaytoy“, algo
semelhante à “Queime seu
demônio interior”.
Muitos estão diante da sepultura, enquanto uma guia conta curiosidades da vida do vocalista do The Doors, assim como fatos que envolvem seu sepulcro. As grades que mantêm os visitantes e fãs longe do túmulo estão sempre cercadas das mais diversas histórias e comentários. “Foi um libertino!”, dizem alguns, enquanto outros o colocam como grande estrela do rock ou até como um amigo de tempos atrás.

Procurando saber quais sensações o mítico local desperta, fico à espreita tentando perceber quem são os fãs de Morrison. Aproximo-me de uma pessoa que, com uma máquina profissional, capta fotos da multidão curiosa e ao mesmo tempo enlevada. Pergunto-lhe sobre o efeito que Morrison, mesmo depois de morto, ainda causa nas pessoas. “Visitando o túmulo de Jim Morrison é interessante ver o quanto as pessoas ainda são movidas pela música e letra do The Doors”, observa Maarten van Cleef, holandês de Amsterdam.

No instante seguinte, encontro um jovem casal que está bem próximo do jazigo. Respeito seu breve momento de contemplação e repito a pergunta. “Nós nos sentimos como se estivéssemos tocando uma lenda. Um pouco tristes, mas com uma sensação deslumbrante”, respondem os russos Irina e Maxim Kiseler.

Marc define sua visita ao túmulo de Morisson
uma mescla de alegria e tristeza.
Converso ainda com uma senhora e um adolescente franceses, mãe e filho, que também demonstram emoção ao falar do ícone. “Eu sinto uma tristeza, mas por outro lado uma alegria”, resume antiteticamente Chevalier Marc, de 16 anos.

Mais alguns minutos e vejo um senhor que, ao lado da esposa, usa o celular para fotografar os vários ângulos do túmulo. Mais uma vez, pergunto o que sentem. “Jim foi um amigo a um longo tempo atrás, eu precisava ver onde ele ficou. Adios, rei Lagarto”, se despede ternamente Andie Coyote, aludindo à música e à história do psicodélico quarteto californiano.

Outro casal me chama atenção, vou atrás deles. São estadunidenses e ambos se prontificam a falar algumas palavras. “Vejo você do outro lado, irmão”, diz Nate, 35. “Estou entristecida com a perda de um gênio”, remata Tara, de 41 anos.

No final do século XIX, ainda sem Oscar Wilde e Jim Morrison, outro túmulo tirava o sossego do cemitério
Père Lachaise. Era o sepulcro do jornalista Victor Noir, assassinado em 1870 por Pierre Napoleón Bonaparte,
primo do então imperador. Em sua tumba, uma escultura que o representava morto causou agitação no cemitério,
pois criou-se a lenda de que a mulher que passasse a mão no pênis da escultura teria uma vida sexual feliz.
À época, seu túmulo estava cercado por grades, como hoje acontece com o de Jim Morrison. 
SAIBA MAIS
  • James Douglas Morrison nasceu na Florida, EUA, em 1943, e morreu em 1971, em Paris, França. Foi Poeta e vocalista do grupo The Doors, com o qual ficou conhecido por suas letras e irreverência;
  • Fundado em 1965, em Los Angeles, Califórnia, o The Doors era formado por Jim Morrison (vocal), Ray Manzarek (teclados), John Densmore (bateria) e Robby Krieger (guitarra);
  • O nome do grupo veio do livro de Aldous Huxley “The Doors of Perception” (As Portas da percepção) que, por sua vez, teria encontrado inspiração no verso de um poema de William Blake;
  • Aberto em 1804, o cemitério Père Lachaise é o maior de Paris e também o que abriga o maior número de famosos, entre eles, Frédéric Chopin, George Bizet, Honoré de Balzac, Oscar Wilde, Edith Piaf, Allan Kardec e Auguste Comte.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Garrafa de Náufrago, com Léo Davine

Bucha de Canhão

O mais democrático de todos os bens culturais é a língua. É o povo que a inventa e modifica de acordo com a própria vontade.

Como é o povo quem mais sofre em todas as nações, as expressões que denotam problemas – de todos os tipos – são muito abundantes em todas as línguas. No português do Brasil, por exemplo, é possível escrever um parágrafo, ou mesmo uma página, apenas com essas expressões. Para exemplificar, vai uma historinha boba:

“João tinha um amigo que o deixou na mão, e isso o meteu numa tremenda sinuca de bico. Quando percebeu, estava não em uma saia-justa, mas numa verdadeira calça do Christian & Ralf. Naquela hora, João viu a viola em cacos e concluiu, muito triste, que, sem a ajuda do amigo, a vaca tinha mesmo ido pro brejo. Apesar de respirar fundo, tentando afastar o pensamento daquela zica, teve de encarar a realidade: tinha servido de bucha de canhão mesmo”.

É certo que muitas expressões aqui empregadas fazem parte da gíria (que alguns julgam ser de uso exclusivo de determinados grupos sociais), mas não vai demorar para que elas mudem de status. A língua, tão dinâmica quanto o The Flash, não pertence à lentidão de dicionários e gramáticas, mas à rapidez da lógica popular.

LEONARDO DAVINE DANTAS é mineiro de Lavras, tem 39 anos, e vive em Campinas. Bacharel em Letras pela Unicamp, atua como servidor público do Estado de São Paulo. Seus autores prediletos são o poeta Virgílio e o Padre Manuel Bernardes.

Abaixar o rio ou levantar a ponte?

Recentemente, o aumento da criminalidade infantil reacendeu a discussão sobre a diminuição da maioridade penal no Brasil. Os argumentos em pauta levantaram a questão da capacidade de discernimento do jovem entre o certo e o errado, bem como as diferenças sociais e o fácil acesso à informação que, hoje, proporcionam o desenvolvimento e amadurecimento precoce de adolescentes, defendendo, assim, que estes indivíduos passem a ser julgados como adultos aos dezesseis anos, e não mais aos dezoito.

Diante de um sistema prisional absolutamente ineficaz no tangente à ressocialização de detentos, é evidente que a redução da maioridade terá um efeito completamente deletério e maléfico, uma vez que os novos imputáveis serão atirados em uma esfera criminal muito mais nefasta e organizada do que as ruas em que cometiam seus delitos.

É importante ressaltar, ainda, que a diminuição da maioridade penal não resolverá o problema da criminalidade no país. Muito pelo contrário. Apenas fará com que um novo público, este ainda mais novo, seja aliciado e atraído ao mundo do crime. Em si, a matéria em pauta se mostra equivocada, pois propõe o debate sobre a redução da maioridade penal quando deveria discutir a problemática da criminalidade como um todo.

Se o critério de discernimento fosse realmente significativo, milhares de adolescentes estariam apinhados nas já superlotadas unidades carcerárias espalhadas pelo país. Basta consultar qualquer estatística para comprovar que a maioria dos menores que comete infrações nasceu em famílias de classe baixa, passou por escolas sucateadas e conviveu com a violência desde o berço.

Isto posto, em discussões desta magnitude, a emoção jamais deve sobrepor a racionalidade e as deliberações acerca do assunto não podem ser paliativas ou motivadas pela mídia ou pressão popular, sob o risco de culminar problemas ainda maiores no futuro.

Tem-se, portanto, de preparar e instruir os jovens com sólidos princípios éticos e morais, oferecendo-lhes educação de qualidade e um caminho de respeito e cooperação mútua. Por outro lado, é necessário criar medidas socioeducativas para todas as fases da infância e juventude, além de investir em ações que realmente promovam a ressocialização. De modo geral, basta seguir o que Pitágoras instruiu a mais de 2.500 atrás. “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos.”

Viagem ao passado: a saga “O Exterminador do Futuro”

Muito além de bordões e tiros, história criada por James Cameron explora a dependência humana para com as máquinas.
T-800 pronto para a ação em Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (FOTOS: DIVULGAÇÃO)
Quando o ciborgue T-800, da franquia O Exterminador do Futuro, enuncia a clássica frase “I Will Be Back” (Eu voltarei!), pode apostar que ele fala sério e, mais uma vez, cumpre o prometido. Em exibição nos cinemas nacionais, o capítulo cinco da saga pós-apocalíptica explora, pela primeira vez, os perigos de viagens no tempo. Temática obviamente já vista na série, porém, ainda não esmiuçada.

Antes de Genesis, porém, muitas reviravoltas e mortes ocorreram na saga que teve início nos longínquos anos 80. Atualmente, buscando atingir um público novo, a história de um robô enviado ao passado já rendeu ótimos e clássicos filmes. Obras que, por sinal, valem rever!

Voltando ao passado

O roteiro do primeiro O Exterminador do Futuro foi escrito pelo cineasta James Cameron (Titanic e Avatar). O diretor teve um sonho no qual um corpo metálico saía de uma explosão. O restante do enredo? Referências de filmes de ficção dos anos 50 e 60, bem como o interesse do público dos anos 80 por temas científicos.

Emilia Clarke interpreta Sarah Connor no mais recente filme da franquia,
O Exterminador do Futuro: Genesis.
A premissa é simples: um supercomputador criado para a rede de defesa americana começa a agir de modo autônomo. A humanidade, por outro lado, é vista e tratada como uma ameaça. O clímax desse conflito? Guerra nuclear, o que dizima boa parte da vida no planeta. Visando a evitar a criação da resistência humana, a Skynet – inteligência artificial responsável pelo genocídio – envia um ciborgue (Arnold Schwarzenegger) para o passado, com a missão de matar a mãe do líder John Connor antes que esse nasça.

O segundo longa, de 1992, foi lançado com o roteiro semelhante ao filme inaugural. A diferença é que o vilão enviado ao passado, no entanto, é extremamente mais sofisticado que o assassino cibernético da primeira parte da saga. O batizado T-1000, além de um arsenal bélico próprio, possuía a capacidade de se tornar líquido e, também, se tornar clone de suas vítimas. Sua missão? Exterminar John Connor. No caminho dele, no entanto, os líderes humanos do futuro enviaram o mesmo T-800 (Schwarzenegger) ao passado, o qual foi reprogramado para impedir a morte do futuro salvador da humanidade.

Após uma década sem produzir e participar de qualquer filme de James Cameron, o diretor Jonathan Mostow lançou, em 2003, a Rebelião das Máquinas, capítulo que, finalmente, mostrava o tão temido e iminente apocalipse dos dois primeiros longas da franquia. Ação digna e elenco competente.

James Cameron no set de filmagens de O Exterminador do Futuro.
Máquinas paradas

Em 2009, O Exterminador do Futuro: A Salvação enterrou, por um tempo, qualquer intenção da indústria hollywoodiana em produzir um novo filme da franquia.  Apesar de conduzir bem a história, o diretor McG pecou no desenvolvimento de personagens centrais. Exemplo disso é omitir como foi a chegada de John Connor ao poder. Sequência citada em todos os capítulos da franquia, mas completamente ignorada em T4. Justamente esse, que, ineditamente, mostrava o futuro pós-guerra nuclear.

Em A Salvação, no entanto, a paleta de cores “a lá Mad Max” é um trunfo visual, bem como a ação bem dirigida. Destaque para a cena em que John Connor (Christian Bale) nos faz, literalmente, entrar no meio da batalha quando somos lançados ao chão dentro de um helicóptero da Resistência Humana.
 

Uma nova chance para o Quarteto Fantástico

O Quarteto pronto para enfrentar seu ex-amigo, o agora
vilanesco Doutor Victor Von Doom (Fotos: Divulgação)  
Será este filme merecedor do pomposo adjetivo que carrega em seu nome? A resposta será dada a partir do dia 6, na nova incursão da família Marvel nos cinemas.

É interessante a estratégia do Estúdio Fox para suas personagens vindouras dos quadrinhos. Em seu painel na Comic-Con de San Diego – maior feira de cultura pop do mundo –, o estúdio apresentou ao público um pouco do que espera de seus projetos para o futuro próximo, todos em produção. Deadpool, X-Men: Apocalipse, Gambit e, talvez, o mais intrigante deles, Quarteto Fantástico.

Conhecidos como a família da “Casa das Ideias”, os irmãos Sue e Johnny Storm, Reed Richards e Bem Grimm terão tratamento diferenciado dos longas-metragens anteriores e, até mesmo, de sua origem. No filme do diretor Josh Trank (Poder sem Limites), com estreia no Brasil no dia 6 de agosto, as quatro personagens irão adquirir seus poderes em uma trama que envolve viagens interdimensionais e drama, muito drama.  

Criados nos anos 60 por Stan Lee e Jack Kirby, o Quarteto Fantástico foi
primeiramente idealizado para rivalizar com a Liga da Justiça da DC Comics. 
Outra alteração é a etnia do Tocha Humana, interpretado pelo excelente Michael B. Jordan: negro, diferente do caucasiano habitualmente visto nos quadrinhos. Mudança feita, segundo o diretor, para adequar as personagens ao novo modelo de família americana. Família, aliás, é o que molda essa nova produção. Na Comic-Con, Kate Mara (Mulher Invisível) disse que não conhecia os quadrinhos, porém, aceitou fazer parte do projeto devido à temática familiar que o diretor pretendia impor na história.  

Assim como o Hulk, em Vingadores (2012), o “Coisa”, de Jamie Bell, será os músculos – ou rochas? – da equipe. Sobretudo, ele será o coração, ao menos foi o que apontou seu intérprete em entrevista coletiva em San Diego, na metade de julho. Ainda na Comic-Con, o diretor do longa adiantou que Quarteto Fantástico é mais um filme de ficção científica a super-heróis, temática interessante que vai na contramão de outros lançamentos do mesmo gênero.

O ceticismo dos fãs é, obviamente, um desafio para os produtores. Afinal, Josh Trank mexeu em personagens clássicos da nona arte. O que alivia essa pressão, entretanto, é que o recomeço dos heróis nos cinemas expurga – ao menos é o que os trailers apontam – a comédia pastelão vista nas primeiras incursões da família da Marvel nos cinemas. Agora, ao que tudo indica, a ideia é fazer um Quarteto Fantástico mais pé no chão e plausível ao que a física quântica e gostos mais exigentes esperam.

Selfie histórico com todo o elenco de X-Men:
Apocalipse, Quarteto Fantástico, Deadpool e Gambit. 
X-Men e Quarteto Fantástico

Mesmo sem o anúncio oficial, nota-se claramente a intenção da empresa (Estúdio Fox) em criar o seu universo cinematográfico, bem como faz a própria Marvel e também a Warner, com os heróis da DC Comics.

Durante algum tempo, repercutiu entre fãs e a imprensa o rumor de que a Fox estaria planejando um crossover – junção de Quarteto Fantástico e X-Men – nos cinemas. Segundo o portal norte-americano Latino-Review, a informação já é dada como verdadeira.

O site afirmou, inclusive, a data de estreia do longa: julho de 2018. O martelo para fechar o negócio, entretanto, depende do desempenho do Quarteto nas bilheterias. Caso o filme renda lucro para os cofres do estúdio, imediatamente começaria a produção do histórico longa.

Na Comic-Con de 2015, porém, nada foi dito pela Fox sobre o assunto. Apenas apresentou-se um painel com os logos de todos os filmes de super-heróis que estão em processo de filmagens e/ou em pós-produção.  Circundando as especulações, algo é dado como certo: são bons tempos para quem é fã de filmes do gênero.

CURIOSIDADES
  • Na versão clássica, os superpoderes do Quarteto Fantástico foram obtidos quando um foguete espacial experimental projetado por Reed Richards atravessou uma tempestade de raios cósmicos durante seu voo experimental.
  • As quatro personagens foram inspiradas nos clássicos elementos gregos: Terra (Coisa), fogo (Tocha Humana), vento (Mulher Invisível) e água (a “fluidez” do Senhor Fantástico).
  • Ao contrário da maioria dos super-heróis, as identidades do Quarteto Fantástico não são secretas. A parte negativa disso é a vulnerabilidade que o fato confere aos amigos e família. A parte positiva é a simpatia que o Quarteto tem junto à população humana, que admira suas proezas científicas e heroicas.
  • Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o filme de Tim Story, de 2005, não foi a primeira incursão do Quarteto nos cinemas. Bem antes disso, em 1994, um filme foi produzido, porém, nunca lançado. Lendas urbanas sugerem que o longa teria ficado tão ruim que o estúdio ordenou que todas as cópias da película fossem destruídas. Uma delas ao menos restou, pois, com o advento da internet, o renegado filme foi lançado mundialmente de forma pirata.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Clássicos sobre rodas

Quatro mil pessoas devem prestigiar a exposição (FOTO: Tarso Zagato)
2º Encontro de Carros Antigos expõe jipe usado na Segunda Guerra.

O estacionamento do Buriti Shopping será palco da segunda edição do “Encontro de Carros Antigos de Mogi Guaçu”. O evento, que deve receber cerca de 200 veículos, entre motos, carros, caminhões e até bicicletas, ocorre neste domingo (23), a partir das 9h.

Segundo a comissão organizadora, a expectativa é que a exposição receba mais de quatro mil visitantes. “Quem comparecer ao evento poderá conferir modelos de várias décadas da história do automobilismo, dentre eles um jipe que foi utilizado na Segunda Guerra Mundial”, informa o organizador Vicente de Souza Gomes.

O “2º Encontro de Carros Antigos de Mogi Guaçu” é promovido pela equipe “Os Quietinhos”. A entrada é franca, contudo, o estacionamento é cobrado.  O Buriti Shopping fica na Rua Francisco Franco de Godoi Bueno, s/nº, Centro. Outras informações podem ser obtidas pelos fones (19) 3863-5847 e 9 9251-5368.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Um tipo de magia: tributo traz clássicos do Queen a Mogi Guaçu

Com roupas e trejeitos característicos, o vocalista Lobato resgata
a memória e o talento de Freddie Mercury (Fotos: Divulgação)
Em cartaz há mais de 10 anos, espetáculo “Queen Lives Forever” promete emoção e fidelidade no palco do Tupec.  

Magia e emoção. Este é o prenúncio do espetáculo “Queen Lives Forever”, atração do dia 21 de agosto no Teatro Tupec de Mogi Guaçu. O legado de uma das maiores bandas de rock da história será relembrado pela Classical Queen, conhecida pela forma impecável como recria – guardadas as devidas proporções! – os inesquecíveis shows do quarteto formado por Brian May, John Deacon, Roger Taylor e o incomparável Freddie Mercury.

Rodando pelos palcos do país desde 2004, a Classical Queen faz jus à grandeza do quarteto original: cuidadosa produção de figurino para toda a banda, performance de palco, instrumentos e equipamentos, além do show à parte proporcionado pelo vocalista Lobato, personificação digna da rica figura de Freddie Mercury. Além disso, cada detalhe levado ao palco remete o público à energia dos shows do Queen, uma viagem reproduzida com muita fidelidade, emoção e eletricidade.

A Classical Queen se apresenta no Tupec no dia 21 deste mês. 
O espetáculo “Queen Lives Forever” tem início previsto para as 21h. Os ingressos antecipados – até 15 de agosto – custam R$ 30 e podem ser adquiridos na bilheteria do Centro Cultural, na loja Óticas Carol do Buriti Shopping, no site www.bilheteriarapida.com.br ou pelo disque-ingresso (0800 735-0550).

Após o período promocional, os ingressos passam a R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada). Outras informações sobre o espetáculo podem ser aferidas pelos fones (19) 3831-3186 ou 3831-1844.

SAIBA MAIS
  • A Classical Queen é formada por Fernando Gamba (guitarra), Júlio Abrileri (baixo), Anderson Macedo (bateria), Fernando Zamai (teclados) e o performático Lobato (vocais e violão); 
  • Devido à reprodução fiel e marcante dos shows do Queen, o quinteto paulistano foi o primeiro e único grupo brasileiro inserido no QueenWorld, site do fã clube oficial internacional do Queen.
    Saiba como concorrer a ingressos clicando aqui.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Um artista, uma paixão

Fã de Toquinho e Yamandú Costa, Fábio Gonçalves
se diz mais técnico do que artista (Fotos: Tarso Zagato)
Criador de uma série com mais de 100 instrumentos, o luthier Fábio Gonçalves abre as portas de sua oficina ao Letra e Cultura.

Quando o dom e a arte se encontram, coisas maravilhosas costumam acontecer. A madeira mais rústica, em mãos habilidosas, transforma-se em tampos, braços, trastes, pestanas, rastilhos e cavaletes, cada qual perfeitamente alinhado e moldado para formar o todo ressonante, que em mãos musicais encontra outro dom. De artista para artista, arte para produzir arte.

Neste contexto está o luthier – do francês luth, nome dado ao artesão que fabrica ou repara instrumentos de corda com caixa de ressonância. Preciso como as notas que compõem a mais bela canção, molda, solitário e abnegado, instrumentos musicais prontos para entoar beleza e emoção.     

Entre poucos e raros, um guaçuano se destaca: Fábio Gonçalves “Luthier”. A exímia perícia que emprega em seus instrumentos lhe valeu a fama que o precede e o equivocado sobrenome que designa seu virtuoso ofício.

Oito anos se passaram desde que se descobriu artesão e mais de 100 instrumentos ganharam forma em suas mãos. Apesar disso, nega com peculiar humildade o status de artista, aparentando ignorar o exacerbado prestígio que ostenta entre os músicos que conhecem e admiram seu trabalho.

Com a modéstia que lhe sobra, permite-se um sonho pueril: ver Toquinho ou Yamandú Costa dedilhando arte em um instrumento de sua criação. Na opinião de muitos, um sonho mais possível do que distante.     

"Paciência e dedicação são as palavras-chave para um bom luthier."
LETRA & CULTURA: Quando você descobriu que poderia fazer instrumentos de corda?
Fábio Gonçalves: Para falar a verdade, não foi uma coisa que eu procurei. Um dia, eu cheguei na casa do meu pai e tinha um recado do Carlos Bicalho querendo falar comigo sobre violão. Na época, eu dava aulas de violão e pensei que fosse um aluno, aí eu retornei para ele. Ele disse que era luthier em Campinas e que eu havia deixado o meu nome com ele para fazer um curso de luthier. Eu não me lembro de ter deixado o nome com ele (risos)... mas acredito que tenha sido quando passei um dia que visitei o Conservatório Carlos Gomes, onde eu queria estudar, e acabei preenchendo uns formulários que deixaram por lá. Na mesma semana, por coincidência, um amigo viu um cartaz do mesmo curso em uma loja de música em Artur Nogueira e me convidou para fazer. O interessante do curso era que você aprendia a fazer um violão e saia com um instrumento, e eu sempre tive o sonho de ter um instrumento de um luthier, feito à mão. Assim que entrei na oficina e vi o Carlos Bicalho fazendo um instrumento, eu me apaixonei na hora.   

L&C: Assim como um pintor ou um escultor, você produz arte e, portanto, também é um artista. Como tal, você segue algum processo ou “ritual” artístico na elaboração de suas peças?
Fábio Gonçalves: Eu aceito e até agradeço ser chamado de artista. Mas acredito que meu trabalho é mais técnico do que artístico. A parte artística está mais relacionada com o acabamento do violão, na hora de colocar um filete ou fazer um cavalete legal. De qualquer forma, não obedeço a nenhum ritual, mas preciso estar inspirado para criar.

L&C: É uma opinião que contradiz o que pensam os seus clientes, não?
Fábio Gonçalves: Ainda sim, eu me considero mais um técnico do que um artista. Eu agradeço quando o pessoal me chama de artista, mas penso que mesmo quem pinta um quadro, ou toca uma canção, é claro que há uma inspiração, existe um dom naquilo, mas acredito que muita parte é técnica também.

L&C: Seu raciocínio me permite pensar que qualquer pessoa comum pode se tornar um luthier.
Fábio Gonçalves: Eu acho que sim. Basta que a pessoa tenha paciência, capricho e dedicação. A grande diferença entre um luthier que faz um instrumento melhor e outro que faz um não tão bom é a experiência. Por isso respeito os luthiers mais velhos, pois aprendo muito com eles.

L&C: Na prática, qual é o ganho que um músico tem ao adquirir um instrumento feito por um luthier?
Fábio Gonçalves: A vantagem é que os instrumentos são feitos respeitando as determinações do cliente e o que ele espera de som. A gente conversa bastante com o cliente para saber exatamente o que ele quer. Tem gente que gosta de braço mais largo, outros mais fino. Tem gente que toca mais forte, outros tocam mais leve. É um instrumento feito sob medida para o músico.

Para o luthier, o próximo instrumento é sempre o melhor. 
L&C: Em oito anos como artesão, você já produziu uma série de 101 instrumentos. Há algum que te marcou ou que é o seu preferido?
Fábio Gonçalves: Eu acho que não. O luthier sempre acha que o melhor instrumento é o último que ele fez. Dizer que eu tenho um carinho especial por um determinado instrumento não é verdade. Todos eles são diferentes e o que importa é atender às expectativas do músico.

L&C: Que artista você gostaria de ver tocando um instrumento seu? Fábio Gonçalves: Tem vários, mas eu ficaria muito feliz se o Yamandú Costa usasse meu instrumento, ou o Toquinho, que é meu ídolo de infância. Seria uma honra se um dia um cara desse aparecesse por aqui.

“Roda da Feira” completa 24 anos de histórias e cultura popular


Há mais de duas décadas encantando o público, a “Roda da Feira”
é patrimônio cultural de Mogi Guaçu (Foto: Tarso Zagato)
Encontro comemorativo aconteceu neste domingo (2), na tradicional “Feira de Domingo” de Mogi Guaçu.

A “Roda da Feira”, encontro de capoeiristas que acontece no último domingo de cada mês, na tradicional “Feira Popular de Domingo”, em Mogi Guaçu (SP), completa 24 anos neste mês. Para comemorar a data especial, praticantes da luta – genuinamente brasileira – se reuniram mais uma vez para a apresentação de jogos nos tipos angola e regional, e também para a execução de saltos acrobáticos e muita música.

O encontro, segundo o estudante de História e professor graduado de capoeira, Guilherme Arengui, alude não só ao Dia do Capoeirista, comemorado em 2 de agosto, como também à assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, e à semana de libertação definitiva dos escravos, marcos importantes para os capoeiristas e para a história do Brasil. 

“Infelizmente, a grande massa não se atenta para o lado histórico-cultural de uma apresentação de capoeira, pois isso também está presente em alunos que, de certa forma, não se importam com a tradição dessa arte. Para muitos, a Roda da Feira trata-se apenas de uma apresentação, mas ela também evidencia a cultura viva e a manifestação de um povo que usava a capoeira para sua sobrevivência”, argumenta.

Arengui explica ainda que a “Roda da Feira” já se tornou patrimônio cultural imaterial de Mogi Guaçu e, portanto, deve ser prestigiada e preservada pelos praticantes locais e pela população em geral. “É de suma importância mantê-la viva, pois através dela podemos representar todo tipo de sofrimento e sangue derramado pelos nossos ancestrais escravos, que a usavam em prol da liberdade própria e na busca pelos direitos de igualdade”, enfatiza o professor.

Ocorrido ontem, o evento reuniu alunos, instrutores, professores e mestres de toda a região. As atividades tiveram início às 10h, e foram conduzidas pelo folclórico mestre Joanito Baiano, um dos mais conhecidos e respeitados do país, e pelo guaçuano Rafael Lisboa Pinafo, o popular “Mestre Cabeça”.

Patrimônio Cultural Imaterial

A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. Desenvolvida no Brasil, sobretudo por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando, principalmente, chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.

A modalidade é reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural imaterial do Brasil e ostenta uma história que se confunde com a do próprio país.

A partir da esquerda: mestres Cabeça e Joanito Baiano, e o professor
graduado Guilherme Arengui: “Roda da Feira deve ser mantida viva”
(Foto: Divulgação) 
Criada por uma necessidade de defesa, foi a arma mais importante na luta contra a escravidão. Após a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, a capoeira foi colocada no Código Penal Brasileiro, em outubro de 1890, sob a Lei 847, de Sampaio Ferraz. O texto do Capítulo XIII, à época intitulado “Dos vadios e capoeiras”, proibia a prática da “Capoeiragem”, termo pejorativo utilizado para denominá-la.

“[É proibido] fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal”, implicava o extinto texto, que previa ainda pena de dois a seis meses de trabalhos forçados na Ilha de Fernando de Noronha.

Somente 50 anos depois, após a reformulação da capoeira pelo Mestre Bimba, a então malquista prática cultural foi retirada do Código Penal Brasileiro e reconhecida como esporte nacional.