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terça-feira, 28 de junho de 2011

Espaço Aberto: Marcos Rangel


De Olho no Lance! A saga de Zé Batalha
O feito heróico em um domingo de futebol.

O dia em que Zé Batalha brilhou.
Caramba, já são oito horas, mas hoje vale a pena levantar cedo. É domingo, dia de futebol com a galera. Levanto, vou para o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes enquanto escuto minha mãe e meu pai conversarem sobre a Copa do Mundo, ambos não acreditando que nosso país vá fazer um bom trabalho. Segundos após, vou para a cozinha me juntar a eles.
Sento-me à mesa, e que mesa! Domingo de manhã minha mãe faz aquele café de novela, com maça, mamão, leite, pão, presunto, queijo e amor. Mas mesmo assim não escapo de suas alfinetadas e em tempo ela diz:
- É domingo, tem gente que levanta rapidinho da cama! - e meu pai responde por mim, sem tirar os olhos do jornal.
- Mulher, deixa o menino jogar seu futebol.
Quase acabando de comer escutamos um berro brazuca. É o Zé Batalha, meu vizinho, me chamando para irmos para o campo. O Zé é meu fiel escudeiro, somos amigos desde que me conheço por gente. Antes dos nossos embates dominicais ele repete a velha frase.
- Você resolve o problema dentro do campo e eu resolvo fora! - concordo, mesmo não sabendo ao certo o significado daquilo.
O Zé não é dos melhores com a bola nos pés, na verdade, é o famoso dois pés esquerdos. No caminho para o campo ele me conta mais uma de suas peripécias de sábado à noite, nas quais ele sempre é o protagonista. Chegando lá, Seu Fiapo, já nervoso por estar quase na hora do jogo, esbraveja.
- Vamos, vamos! Estão achando o quê? Hoje é um dia importante! – grita ansioso.
Quartas de final na várzea é sempre complicado. Com um pouco de sofrimento e com um gol do Zé[!], ganhamos de 1 a zero.
- Inacreditável! disparou Seu Fiapo.
Depois de eu ter pegado a bola na intermediária, driblado meio time adversário e tocado para o Zé fazer seu primeiro gol no campeonato, ele não se aguentava de alegria. Um gol em seu primeiro jogo. Nada mal para o rapaz com duas pernas esquerdas!
Voltando para casa tive que ouvir o Zé Batalha repetir milhares de vezes sobre o feito heróico de seu primeiro gol. Não houve sequer um vizinho que ficou sem o conhecimento do fato.
Depois do almoço regado a muita feijoada e papo de futebol, todos foram para frente da TV, como se fosse um culto ou um chamado religioso. Às 4, é hora do Campeonato Brasileiro de futebol e ninguém perde o espetáculo. Durante duas horas ninguém se ausenta, mas depois do fim, boteco do Guimba para encontrar o pessoal e começar a chacotear os perdedores da rodada! E com isso, mais um domingo se vai. Antes de dormir, assisto ao show da vida e aos bolas cheias e murchas do país. Um pouco mais e me deito para descansar, pois amanhã é um novo dia e acordo cedo para trabalhar.

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